“2012 chegou e cumpriu-se a PROFECIA MAIA: o Corinthians venceu!!! Para alguns astrólogos desinformados seria o fim do mundo. Erraram. Ou acertaram, mas o fim do mundo é a vitória do Corinthians na Libertadores (e no título mundial), inaugurando uma nova era popular cósmica! Pior que é serio. Ou não.. como diria o Caetano. O fato é que 1977 a vitória do Corinthians no Paulista deu auto-estima para o povão e deflagrou as greves! Agora em 2012 o que virá?”
“Humildade é tudo. Mas sem auto-estima não dá para ser humilde. Quem não tem auto-estima vira arrogante. Ta cheio de pessoa arrogante que se considera o mais humilde do mundo. Auto-estima é se sentir legal. Arrogância é se sentir melhor que os outros.”
“O que importa é competir. Ok. Então perder e vencer é a mesma coisa? É isso? Sei lá, prefiro vencer. Estou errado? Sou sacana?
"Pensando nisso eu concluí: o importa não é vencer, é tentar vencer. Tentar vencer de todas as formas. Pois ao tentar vencer você sempre vence."
"Pois ao tentar vencer, você, mesmo se perder, terá superado seus limites. Você pode não vencer o "outro", mas terá vencido a si mesmo.”
"Acreditar em Deus é acreditar que está tudo certo. É acreditar que todas as coisas que você fez na vida tiveram significado."
“Quando a psicanálise falha só a meditação e a reza resolvem. Pois ela silencia a briga dos "eus parlamentares" e convoca a mediação sagrada do divino.”
“Deus é o mediador ideal pois ele ama a todos os "eus", superiores e inferiores. Para ele, alias, não existe isso de superior e inferior”
“Deus é a intuição, a inovação. Algo novo, completamente diferente, que pode nos fazer achar soluções inusitadas para a vida.”
“Quem se conecta a Deus, se conecta ao externo, ao mundo, ao cosmos. É por vir de fora, que Deus resolve o conflitos dos "eus".”
“Deus nos dá intuições conciliadores. Pois Deus sempre atua no amor.”
“Como Deus é tudo e é um "tudo muito bem resolvido e com ótima auto-estima", ele ama a todos. A todos os "eus".”
“Deus é fera! Não sei se Ele existe, mas se não existe, é a melhor metáfora poética já criada pelo homem.”
“Deus ama tanto que não precisa nem perdoar. Perdoar é coisa de ser humano, que estava magoado e agora perdoa. Deus nunca magoou. Ele só amou.”
“O trabalho ideal é aquele que você percebe que está usando um pouco de todos os outros aprendizados que colheu em seus trabalhos anteriores. Pois esse trabalho é algo que você pode fazer melhor que qualquer outra pessoa no mundo. Não é mais importante que os outros. Mas é sua cara.”
‘Tem vários tipos de gênio. “O melhor é o gênio que desperta os gênios do mundo.”
“Quando você acredita piamente que todos são burros, é hora de perceber que é você que está sendo arrogante.”
“Quanto mais me exponho publicamente, mas me autoconheço. Para mim não adianta nada tentar ficar isolado, meditando como ermitão.”
“Não é porque sou noiadinho que preciso noiar muito com isso.”
“Filosofia astanga Yoga traduzida para comunistas: "Todo poder aos abdomens"."
"Só a PANÇA salva!" - É a filosofia da astanga Yoga traduzida para os crentes.
“O obsessivo é, antes de tudo, um forte. E, por isso, sofre. Tem hora que é bom aceitar que as coisas não serão como eu achava que deviam ser.”
“Não existe pessoas bom-caráter e mau-caráter. Existem pessoas com caráter e sem caráter. Quem tem caráter é as vezes bom caráter, as vezes mal.”
“Tédio não mata. Até porque o entediado já está morto.”
“Cheguei 3 da matina, apos jantar de trabalho, cheio de vinho na cabeça. E pensei: foda-se o mundo. Vou acordar as 6 da matina e fazer yoga. Foi nessa hora que entendi que minha rebeldia podia ser positivada. Beber hoje não é rebeldia, é automático. Ser rebelde é cuidar da saúde.
“Já conclui porque devo rezar e meditar. Vou ser tão rebelde que não vou ceder ao mundo e vou reservar tempo para mim. Só para mim.”
“Rezar alias, é a meditação de pobre. Pai nosso é o mantra indiano que todos entendem a letra.”
A "elite pensando" prefere o mantra por isso mesmo: pois nem todos entendem a letra. Nem eles mesmo. É mais charmoso. Enigmático.
"Eu concordo com todas as palavras que tu dizes, mas fugirei até a morte de sua obsessão por repeti-las tanto”
Uma pequena parodia do Voltaire: "Não concordo com uma palavra do que dizes mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-las".
“Não foi uma, nem duas, nem três vezes. Foram várias. Todas . Sempre que alguém me disse eu Te amo eu devia ter respondido: Menos amor e mais respeito mutuo.”
“Uma vez um índio me disse: não é que a pedra esta morta, ela só se move muito devagarzinho. Achei ótimo e tem lógica: para um vírus que vive apenas bilionésimos de segundo nós, os seres humanos, somos super lentos. Para os vírus nós somos pedra. Deve ser por isso que o vírus destrói nosso corpo: ele acha que não estamos vivos. E os vírus não devem pensar nas próximas gerações. É tipo nós destruindo a Terra. Nós somos vírus?”
“Tenho muito medo de qualquer pessoa que se auto defina iluminada. A principal diferença de um iluminado é que ele tem real consciência de sua sombra. Pois ele ilumina cada cantinho. Temos que aprender a amar o mal. Senão ele não aparece. E nos destrói escondidinho.”
"Tem gente que é tão fascinada com a luz que fica só olhando para a própria e nem percebe o lugar aonde ela iluminou" Denilde Reis, não literal.
“O problema é que olhar para a luz queima. Mariposa morre assim. Tem humano igual. Fica na frente da luz e é incinerado.”
“Quem fica na frente da luz, fascinado, olhando, buscando a iluminação, acaba, na verdade, provocando sombra.”
“O que a luz diz para quem fica na frente fascinado por ela? Sai dai! Para de fazer sombra e deixa-me fazer meu trabalho de iluminar tranquila”
“Sempre que alguém afirma: “Eu não acredito em nada!", eu pergunto: "Você acredita mesmo nisso?".
“O certo é viver numa constante certeza mutante.”
“Do meu ponto de vista, eu existo.”
“Só o salva-vidas salva. E ainda assim, salva só a vida. Que convenhamos, é pouco!”
“Não é que a vida não tem SENTIDO. É a gente que só sabe o sentido dela depois de viver!”
“Tem que aprender a amar o mal. Pois senão ele se esconde dentro de ti e fica lá, te destruindo. Ele só aparece ao perceber que vai ser amado.”
“As histórias são laboratórios de experiência existencial!”
“Finalmente eu consegui! Após anos de terapias, bruxarias e ias em geral , eu consegui. Agora posso dizer: não tenho mais interesse nas coisas que não me interessam!”
terça-feira, 28 de agosto de 2012
A primeira vez que eu morri - Conto 2
A
primeira vez que eu morri foi a mais sofrida.
Eu
estava assustado, com medo, pensava que a primeira morte seria a
ultima. Nada pior do que achar que existe o ultimo. Por mim, tiraria
esse tipo de palavra do vocabulário.
Além
disso, eu ainda não me julgava pronto para morrer. Afinal, eu não
tinha ficado rico, eu ainda não tinha comido a Juliana Paes (nem
nenhuma equivalente), eu ainda estava gordo, eu ainda não tinha tido
filhos pois só podia ter filhos após ficar rico, eu ainda não
tinha feito meu livro pois só podia fazer meu livro após ficar
rico, eu ainda nem plantara uma árvore e não plantaria uma árvore
nem após ficar rico.
Portanto,
quando saquei que ia realmente morrer eu optei por resistir. Sou
brasileiro e não desisto nunca. Rebelde e obsessivo eu iria lutar
até o fim. O fim! Sempre ele, me apavorando, me obssedando.
E
uma coisa eu posso dizer: o obsessivo é, antes de tudo, um forte.
E
quem é forte sofre.
Lutei
e lutei cada vez mais sozinho. Minha mãe vinha me consolar falando
de vida após a morte. Eu gritei muito com ela, a espantei, a
expulsei. Não quero consolo. A morte é injusta. Ainda mais para
alguém que ainda nem ficou rico. Não sou homem de trocar o certo
pelo duvidoso. Vou lutar para viver aqui em vida. E bla, bla, bla...
Minha
mãe tadinha. Ficou muito triste de me ver tão bravo.
Foi
muito doído, sofri muito. Só consegui morrer quando pifou meu
cerebro, entrei num transe maluco de pesadelo, enlouqueci, não sabia
mais o que era sonho o que era real, nem pensava mais nesses termos,
e aí consegui passar. Ufa! Mas não tinha ainda passado. Foi uma
morte longa, cansativa, obsssessiva, demorada.
A
segunda vez que nasci voltei mais pragmático. Não perdi tempo com
estudos, diversões ou bobagens em geral. Já voltei no meu foco:
enriquecer e comer a Juliana paes da época. Não perdi um segundo.
Com trinta anos já estava rico e já tinha comido umas 15 juliana
paes da época. Fui um sucesso. Depois não sabia mais o que fazer,
continuei enriquecendo, comi mais centenas de Julianas Paes da epóca,
viciei em cocaína, morri de acidente de carro. Doidaço de ansiedade
joguei o carro no poste. Nada me satisfazia. Por mais rico que eu
ficasse sempre tinha alguma mulher que não queria dar para mim e
algum dinheiro que era dos outros. Morri em protesto contra a vida.
A
terceira vez que vivi já nasci meio tristinho. Não tinha mais
vontade de ficar rico e percebi que não tinha como superar a morte.
Virei filosofo sem livro publicado. Só pensava na morte e na
inutilidade da vida. Passei a vida toda pensando que a vida não
tinha sentido. E nem senti a vida passar. Não resisti para morrer,
nem morri em protesto. Apenas me deixei morrer. Mas, na hora da
morte, quando pensei que nada tinha sentido, eu curti a vida. Estava
com febre alta, me deram uns remedios loucos e relaxei. Peguei um
transe legal e curti minha passagem. Pela primeira vez eu sai de mim
e tive um daqueles flash backs rememorativos. Tinha passado a vida
ensimesmado em mim mesmo, mas na hora da morte revi vários momentos,
percebi o sorriso de minha mae me olhando no berço, um momento
poético de mau humor de meu pai (um fofo aquele coroa), uma
professora da universidade meio gordinha me paquerando que nem
reparei pois estava pensava na inutilidade da vida..Sei lá, mas de
repente eu vi um monte de coisinha bonita que eu não tinha visto.
Foi um presente. E não fiquei triste por não ter aproveitado.
Apenas me senti um mané. Percebi bons momentos que tive e morri
feliz de ver que a vida, no fundo, no fundo, podia ser gostosinha.
Pela primeira vez desencarnei com leveza.
Foi
uma morte ótima, cheia de esperança, sem o bruximo que me incomodou
tanto em outras mortes, dormindo o sono dos justos, sonhando em
voltar logo para a vida, para curtir todos os momentos, quem sabe
plantar uma arvore, quem sabe publicar um livro, quem sabe gastar uma
boa grana num ótimo jantar, quem sabe comer a Juliana paes da época
com mais carinho e atenção e, quem sabe até, comer e casar com a
professorinha gordinha de filosofia que me paquerar na próxima vida.
Foi uma morte super gostosa.
E
finalmente eu nasci feliz. Já cheguei curtindo a vida. Saquei que o
negocio mesmo é agradecer o tempo todo. Se agradecer em todos
momentos da vida, vai morrer tranquilo, mega agradecido, até já
cansado de tanto agradecer. E percebi que para quem esta vivo o que
vier já é lucro.
Primeira vez que eu morri
A
primeira vez que eu morri foi a mais dramática.
Um
belo tiro na boca, miolos espatifados colados no teto, carta de
despedida “perdoando” a famíla para deixar todos culpados, tudo
que eu tinha direito.
Inicialmente,
meu plano parecia ter dado certo. Minha melodramática construção
cênica da morte despertar o interesse do público. Eu aumentara meu
IBOPE e por alguns dias fui o protagonista do filme multiplot de
minha escola e família. Vendo tudo do alto, eu era feliz e até
sabia. Exceto pela dor no queixo (mesmo sem ter corpo , eu sentia uma
ligeira dor no queixo) eu vivia o filme que planejara e curtia a
felicidade sádica dos grandes vingadores. Felicidade sádica? Bem...
No fundo, no fundo, eu era infeliz e não sabia.
Mas
como não sabia eu ainda era um homem sadicamente feliz. Homem? Bem
sei lá. Eu era sadicamente feliz.
Mas
aconteceu algo que eu não esperava: logo me esqueceram. Foi só
chegar o carnaval que todos caíram no samba. Foi horrível. Eu ali,
de negro, tentando assombrar meus amigos que me ignoraram e
ex-namoradas que me abandonaram e eles todos vibrando alegria. Nunca
me senti tão impotente. Nada é pior para um fantasma do que ser
ignorada. É a morte. Até meu pai, que sempre foi ausente em minha
vida, continuou ausente em minha morte. Apenas minha mãe sofria. Mas
justo ela que sem pre me amou e não merecia isso. De repente me
senti culpado e a dor que eu sentia no queixo subiu para toda cabeça
e chegou ao peito. Meu coração chorava ao ver minha mãe chorando.
(Uma
dica: quando for se suicidar escolha bem a data. Eu sei que você
esta num transe interior, mas mesmo assim é importante saber
dialogar com o mundo exterior. Afinal o suicídio é um evento
externo a você. É o momento aonde seu drama interior é revelado ao
mundo. É a estreia de seu melodrama de não aceitação. Por isso,
tal como a estreia de um filme, você tem que escolher bem a data
para não sofrer concorrências inusitadas. Um exemplo: nada de
véspera de carnaval, melhor quarta feira de cinzas.)
Sofri
muito até reencarnar. Reencarnei em um buraco qualquer, passei 3
vidas escolhendo famílias depressivas, mãe suicida, pai
enlouquecido e empregos de funcionario público em repartição. Só
para ir limpando. Foram varias encarnações melancólicas, sozinho,
tentando aclamar a mim mesmo. E depois mais umas 4 encarnações
vivendo perto de minha antiga mãe, tentando controlar o nervosismo e
histeria dela, mostrar que estava tudo bem
Eu
nem entendia muito bem, porque reencarnar, não conseguia ter forças
para nada, mas também, não reclamava. Apenas vivia.
Dificil
mesmo foi recuperar o prazer de viver. Agora, só hoje, eu pela
primeira vezes em seculos, reparei em um flor. Era linda, amarela, e
suas pétalas vibravam ao vendo. Não sei como nem porque, mas logo a
seguir, reparei numa menina. Depois na grama, depois no vento, depois
em tudo. Não sei como, mas pela primeira vez eu lembrei qual é a
graça de viver. E a graça é olhar o mundo e agradecer a Deus por
estar vivo.
SUPONDO QUE HÁ VIDA APÓS A MORTE
Como,
exatamente como, um morto – que, na prática, esta vivendo a vida
após a morte - pode tecerteza que ele está morto? De seu ponto de
vista, aquilo não é a vida?
E
ainda nessa lógica. Como um vivo pode saber se aquilo que ele vive
não é a morte? Ou melhor, a vida após a morte.
“Será
que nós, os vivos, somos - na verdade - os mortos?”
Vida e Morte
“A
única coisa que tenho a dizer sobre a morte é que SOU CONTRA. Não
concordo. Não posso concordar. Acho mal feito, feio, ruim.”
“Em
geral eu acho Deus um cara talentoso. Admiro sua obra, ele fez várias
coisas legais. Mas não é perfeito. Ao menos para mim, ele não é
perfeito. Prova disso é a morte que considero uma péssima solução
dramatúrgica.”
“De
uma personagem niilista e consumista que reflete sobre a real
importância do fútil: “Quem tem real consciência da morte sabe
que só a morte importa." O resto é fútil. Como eu sou contra
a morte, só me resta o fútil para ajudar a esquecê-la. Seja o
fútil que for, da tudo na mesma”.
“Há
quem considere um absurdo existir vida após a morte. Eu concordo.
Assim como é um absurdo existir vida antes da morte.”
“Sei
que a história tem que andar e as coisas têm que transformar e tal.
Tá certo, eu sei... O show tem que continuar. Mas Deus podia ter
dado uma solução diferente. Podia ao menos ter dado a absoluta
certeza a todos os personagens que a vida continua após a morte. Mas
não. Ele faz questão de deixar nos prender pelo suspense, de não
deixar a mínima dica sobre como será o próximo capítulo. Nada,
nadinha. Só para testar o público. É louco isso de sermos
personagens e público ao mesmo tempo. Sei que enquanto publico isso
de não saber o desfecho fica mais interessante, o filme fica mais
emocionante. Mas enquanto personagem eu discordo, é muita
expectativa, eu sofro demais. Acho que ele podia ser mais humano com
seus atores personagens. É por isso que eu diga: Hay muerte? Sou
contra!”
“E
cá entre nós vida e morte, aliás, são coisinhas bem absurdas.”
“Mas
não acho mais absurdo existir vida após a morte do que antes da
morte. E absurdo por absurdo... Eu escolho o que quiser.”
“Estou
cada vez mais convencido: a consciência e a presença da morte é
fundamental para aproveitar bem a vida!”
“Um
único exemplo: imagina se toda vez que eu fosse falar eu tratasse
essa fala com a importância das "últimas palavras". Não
falaria mais bobagem nunca. ”
“ O
perigo de pensar na morte é você ficar ansioso e querer aproveitar
a vida. Aí fica tudo muito tenso, rápido, cansativo... Nada mais
chato do que estar ansioso para se divertir.”.
“O
legal é que na grande maioria dos momentos da vida, NA GRANDE
MAIORIA MESMO, você NÃO morre! “
“ Você
só morrerá por um segundinho. E lá na frente. Até o momento da
morte esta ganhando esse jogo. E de goleada. Pensar na morte nos faz
perceber a vitória da vida”
“Por
isso na hora h mesmo, na hora da morte, você podia ser mais
tolerante com a dita cuja.”
“Eu
sei que o seu time é o da Vida. Sempre foi e sempre será. A morte é
o antagonista. Mas pense bem: o seu time esta ganhando de goleada.
Oque que tem a morte fazer um golzinho?”
“Além
disso, há quem diga que logo após o golzinho da morte a vida
reassume o controle do jogo. E começa outra vida!”
“Bem
esta bom... concordo. Isso é fé, não dá para garantir.”
“Mas
ok. Não podemos provar que existe vida após a morte. Mas uma coisa
é certo: não deve haver morte depois da morte. Ao menos não logo
em seguida. Acho estranho imaginar que logo depois de morrer eu
morrerei de novo. No mínimo um tempinho eu estaria vivo.”
“Então,
de toda forma, a vida sempre ganha de goleada! A morte é um
segundinho e a vida mais curtinha que existe são várias milhares de
segundinhos. Oba! A vida arrasa. Estamos torcendo pelo time certo.”
“Tendo
consciência da vitória da vida sobre a morte você supera a
ansiedade chata de "aproveitar a vida". Mas continua
valorizando cada instante dela. ”
“Você
só chega à iluminação através da consciência da morte. Aliás,
o que é a meditação além de uma morte em vida?”.
“Um
dia todo homem cederá a uma força maior. Esse dia chega logo de
cara. Ele tranquilão, curtindo a placenta e de repente, tem que
nascer. Depois continua cedendo. Cede ao pai, à mãe, a professora,
a namorada, ao filho adolescente, ao chefe, e finalmente, cedera ao
maior de todos. Um dia todo homem terá que ceder ao maioral, ao
maior de todos, terá que relaxar e deixar se dissolver. Morrer, é o
nome que costumamos dar. Quanto antes ceder ao maioral melhor. Para
ceder é só meditar e entrar no fluxo. Mas tem gente que só cede no
suspiro final. Sofre mais. Morrer é invasão, dissolução do eu.
Uma visão politicamente incorreta da morte poderia dizer: se o
estupro é inevitável, relaxa e goza!”
“Há
algumas coisas que eu levo tão a serio que o único jeito de lidar
com elas é brincando. A morte é uma delas, mas não a única.”
“Acho
que o certo é tratar tudo como trato a morte. Levar tudo muito a
serio e, portanto, brincar com tudo. Isso é perceber a morte
cotidiana.”
“Às
vezes eu percebo que a morte eu levo super a sério. Já a vida, eu
não estou nem aí. Preciso aprender a levar a vida mais a sério.”
“Deve
ser porque a morte é um acontecimento único. Se fosse um roteiro,
seria um ponto de virada. Já a vida é um monte de cena cotidiana.”
“Perguntas
para espiritas iniciantes: depois que você morre, seu pai continua
sendo seu pai? Quantos pais devo ter então? Haja. Se um já é
chato...”
“Ou,
na verdade, mesmo no mundo astral não existe isso de famílias? É
tudo tipo aquelas nuvens do google, as nuvens de relacionamento.”
“Criar
dramaticidade para a morte é algo muito burro. Afinal não existe
chance de não acontecer. Sendo assim, melhor tirar o drama.”
Os ateus são umas gracinhas aos olhos de Deus
Se
deus existe ele deve achar os ateus umas gracinhas, uns fofinhos.
Não
é uma gracinha a bactéria que afirma não acreditar na existência
do homem que esta prestes a tomar antibiótico?
Já
os crentes Deus deve achar uns chatos, uns carentes. O crente para
Deus deve ser tipo um cachorrinho solitário que fica em casa latindo
pelos cantos, suplicando pela atenção e pela volta do dono, um
executivo mega ocupado que nunca volta.
E
Deus, ocupado como é, não deve nem saber da briga eterna entre o
cachorrinho crente e o cachorrinho ateu, que já cansou de esperar a
aparição do dono e passa a vida a fazer cálculos matemáticos
solitários para tentar convencer o esperançoso cachorrinho crente
que o "dono esta morto" ou de que o "dono não
existe".
Feliz
mesmo são s cachorrinhos que nem pensam nisso de "dono" e
passam a vida a curtir a maravilhosa decoração da casa, presente
que o dono lhes deu.
Verdade e Fé
“A
verdade mesmo é que nenhum de nós tem a mínima ideia do que está realmente acontecendo.”
“Uma
humanidade que não acredita em nada além da humanidade deixou de
ser humana.”
“Eu
acredito em coisas absurdas, tais como Deus, eu, Big Bang, Gênesis,
vida após a morte, vida antes da morte, vida, etc...”
“Por que Deus criou o mundo? Só para testar os humanos? Deus seria tipo o
Pedro Bial no Big Brother?”
“O
mandamento "Amar a Deus sobre todas as coisas" poderia ser
escrito como: "Amar, antes de tudo, todas as coisas!". Pois Deus é
todas as coisas.”
“Não
existem graus de fé. Fé é zero ou um. É álgebra booleana. Ou a
pessoa tem fé. Ou não tem fé.”
“Só
existe um delírio realmente delirante: acreditar que o delírio
alheio é apenas um delírio.”
“As
doutrinas (matemáticas, religiosas, fábulas, etc..) são ficções
que inventamos para equacionar algumas variáveis do mundo.”
“Se
você realmente acreditar que uma parte da verdade exclui todas as
outras, você corre o risco de virar um fanático.”
“Cada
religião tem uma crença diferente, muitas contraditórias. Podemos
acreditar que todas são falsas. Mas eu prefiro acreditar que todas
são parte da verdade.”
“Se
auto-emburrecer para ter fé é muito fácil. É fácil acreditar num deus construído como um personagem humano. O difícil é acreditar
em Deus admitindo que você não tem a mínima ideia do que se trata.
Essa é a verdadeira fé.”
“O
objetivo é ter fé de que está tudo certo, mesmo sem ter a mínima
ideia do que está realmente acontecendo.”
“Acreditar
em Deus é acreditar que está tudo certo. É acreditar que todas as
coisas que você fez na vida tiveram significado.”
AMOR
O
mandamento do Amor
Fiquei pensando no
primeiro mandamento: amar ao próximo como a si mesmo. Será que é
suficiente? Lembrei de assassinos suicidas. Os caras acham a vida uma
merda, matam um monte e se matam. Amaram o próximo como a si mesmo:
nada!!! Acho que tem que melhorar o texto e parar de considerar óbvio
o fato das pessoas amarem a si mesmo. Pois nao é. Tem que desmembrar
em dois mandamentos:
1 - Amar a si mesmo
2 - Amar ao próximo como a si mesmo
E sobre "e a Deus sobre todas as coisas". Também acho estranho. Deus é todas as coisas. Amar a Deus mais que as coisas não faz muito sentido para mim. Mas acho que entendi o sentido. É tipo assim: amar todas as coisas mais do que as coisas em particular. Se for por aí, concordo.
O
perdão de Deus
Estou
convencido que Deus NÃO perdoa. Ele nao perdoa por um único motivo:
ele não fica bravo! Quem perdoa é gente irritada, como eu. Quem
perdoa é agiota que perdoa dívida. Deus não perdoa pois ele nao quer
cobrar a dívida. Quem vive no amor eterno sequer perdoa, pois
acredita que está tudo certo.
Está tudo certo
Está sempre tudo certo. Até quando a coisa está errada ela, no fundo,
está certa! A única coisa errada sou EU achando que a coisa não está certa. Mas EU também não sou tão importante assim para ser a única
coisa errada do mundo. Então até eu errando está tudo certo.
Cosmicamente falando, tudo certo. O que não impede da coisa estar
errada do meu limitadíssimo ponto vista pessoal. É por isso que eu
tenho vontade de corrigir meu erro de não perceber que não
existe erro algum. Peço perdao por todos os momentos nos quais tive
crise de fé e não percebi que está sempre tudo certo.
Pensatas:
“Quero
um grande amor. Mas um grande amor que comece pequeno. E seja
construído aos poucos, um tijolinho de cada vez.”
“Quero
um grande amor. Mas um grande amor cheio de pequenos momentos.”
“A
única chance que existe de um relacionamento dar certo para sempre é
não pensar nisso nunca.”
“Eu
te amo significa: nós dois nos bastamos. Não. Não nos bastamos”
“O
legal é uma mulher para entrar junto e conhecer o mundo, não para
nos autoexcluir do mundo.”
“O
legal é uma mulher seja sua parceira na caminhada para chegar ao
amor incondicional, no amor por todos.”
“Uma
dica amorosa: quando encontrar uma alma gêmea, diferencie-se.
Rapidamente, diferencie-se.”
“Se
você achar que alguém é sua alma gêmea fique atento: é fria,
engano, obsessão. Deus sempre perde a fôrma (do bolo) e é criativo
demais para criar dois iguais”.
“Além
disso, cá entre nós, você que se conhece sabe muito bem: você
não é tão legal assim para Deus querer criar dois você.”
A transmutação começa com a aceitação
Se
você quer curar uma doença, tem que começar aceitando-a.
Se
você quer emagrecer tem que aceitar a gordura.
Se
quer enriquecer tem que aceitar a miséria.
E
aceitar sem julgamento, eu diria até, aceitar com certo carinho.
A
transformação começa após o perdão.
Humildade
é tudo. Mas sem autoestima não dá para ser humilde. Quem não tem
autoestima vira arrogante. Esta cheio de pessoa arrogante que se
considera o mais humilde do mundo. Autoestima é se sentir legal.
Arrogância é se sentir melhor que os outros.
Livre Arbítrio
O
homem tem total livre arbítrio para seguir o caminho que deus lhe
reservou.
O
difícil é saber qual é o caminho.
Mas
não pensem que sou determinista. O homem tem livre arbítrio para
escolher não seguir o caminho que deus lhe reservou e pode ficar
vagando livremente pelo mundo.
O
livre arbítrio existe para você concordar ou não com o destino
superior. E antes de concordar tem que ouvir o que já é difícil.
Deus
podia até nos obrigar a seguir o caminho certo, tal como acontece
com amebas inconscientes. Mas seria chato. Ele quer que a gente
participe. Obrigado. Juro que vou tentar ouvir.
O Sentido da Vida
Considerando
a hipótese (bastante razoável, admito) de que a vida não faz
nenhum sentido. Nesse caso, o que nos resta fazer? Inventar um, uai!
A
vida pode até não fazer sentido algum, mas umas coisa é certa: o
ser humano é craque em inventar sentidos para a vida. Eu mesmo já
inventei uns cinco. Vire e mexe eu mudo. Todos inventam. Quem é
menos criativo pode ir a uma livraria e encontrar centenas de
"sentidos para a vida" prontinhos para o uso. É super
tranquilo e vende a preços módicos. Só não encontra um sentido
quem realmente não quer.
Ou
quem tem a piração "da verdade". A tal da "verdade".
Não entendo isso.
Não
é porque alguma coisa é falsa que vou deixar de acreditar nela.
Nada
a ver. Eu sou livre, acredito no que quiser, não fico preso a tal da
”verdade".
Não
sei por que lembrei agora de meu pai. Ele tem essa pira da verdade.
Lembro
que ele adorava filmes do Rambo até o dia que percebeu, após anos e
anos assistindo, que não tem nenhum sentido aquelas balas que batem
no chão enquanto o herói foge delas. Porque as balas bateriam no
chão? Eles podem até errar o alvo, mas não cairiam no chão e,
muito menos, logo atrás do herói. Obvio, mas ele nunca tinha
pensado nisso.
Ele
acreditava.
Quando
percebeu esse "erro" ele parou de ver os filmes de guerra:
"é muita bobagem!”, disse ele. Ele quer algo de verdade.
Deve
ser por isso que nunca conseguiu acreditar "de verdade" em
nenhuma religião "de mentira" e, por isso, que esta tão
sem crença aos oitenta anos. Ele foi prisioneiro da verdade. Eu
prefiro me libertar disso.
A
vida pode ser assistida tal como eu assisto a um filme do Rambo. Eu
tenho o poder de acreditar na convenção que eu quiser. Para ser
preciso a vida parece um imenso e infinito conjunto de salas
multiplex aonde vários filmes paralelos são exibidos
simultaneamente. Cada um de nós escolhe assistir e participar do
filme que quiser. Pode ser um drama familiar, uma disputa
empresarial, um filme de herói solitário, um musical. Você escolhe
e vai entrando no filme que escolher.
Basta
escolher bem o filme que terás uma boa vida. Às vezes o filme vai
nuns rumos que você não gosta, mas aí você vai refazendo e, se
necessário, troca de sala.
E
vai levando.
É
claro que, dirá um leitor mais espertinho, o filme do Rambo não
mata.
Se
eu for para a guerra achando que a vida é um filme do Rambo a bala
não vai bater no chão e vou virar peneira na primeira ação
heroica. Por isso, dirá o leitor mais científico, eu tenho que
acreditar na "verdade".
É...
Tem certo sentido, admito... Mas isso é meio obvio: só vou escolher
acreditar no filme que eu for feliz e não virar peneira. Não vou
escolher uma crença (ou uma filosofia, uma religião) que me
destrua... Tem uns que escolhem e explodem como uma bomba. Escolha
deles. Eu acho meio burro e egocêntrico, coisa de quem quer ser
protagonista de filme épico e tragédia grega. É escolha do cara,
fazer o que... Vou só tentar impedir ou tentar ficar longe para ele
não atrapalhar minha linda comedia romântica com o egocentrismo
dele.
Mas
eu não vou entrar nessa. Como não existe verdade eu posso escolher
a verdade que eu quiser. Como eu sou livre vou escolher uma verdade
bem legal. Se eu não gostar de nenhuma verdade disponível no
circuito multiplex da criação ainda posso inventar uma própria e
botar em cartaz. Para não ser autista eu posso lançar uma verdade e
tentar conquistar meu próprio público. Sei lá, faça o que quiser.
Mas não ter verdade alguma é super chato. No caso da vida é ainda
mais chato que no filme do Rambo, pois na vida você não tem nem
como desligar a televisão e ir brincar no parque. Ou tem, mas é
tipo homem bomba e você não sabe o que terá depois. Melhor
garantir o que tem. Você sempre pode trocar de canal até achar um
filme que curta, mas se você não escolher verdade alguma ficará
tipo aqueles públicos que ficam vendo filme só para criticar os
pequenos erros de continuidade...
Acho
chato. Prefiro acreditar na história e me divertir.
Resumindo,
não vou deixar de acreditar no que quero acreditar apenas porque não
é verdadeiro. Eu sou livre e acredito no que quiser e no que me
fizer bem.
O ex-ufólogo!
Foram
anos e anos de fé.
Veja
essa foto. O que vocês veem?
Um
borrão, certo?
Hoje
eu vejo só isso. Mas por anos e anos olhei em borrões como esse e
concluía: HÁ VIDA FORA DA TERRA!
São
aliens, extra terrestres.
Eu
era um ufólogo!
Admito
que foram anos felizes, de fé, esperança. Meu cotidiano depressivo
de pequeno funcionário ganhou novo significado. Eu olhava para
aquele chefe chato e pensava: mal sabe você que há vida fora da
terra!
Nada
era chato para mim...
Mas
os anos foram passando e a ufologia virou um vício. Eram fotos e
mais fotos, borrões e borrões, encontros noturnos cada vais mais
longe para encontrar os aliens. E nada. Nada.
Para
mim que é bom, nada...
Tive
muitos amigos abduzidos, alguns por dias!!!
Outros
foram até mesmo... Desculpe o termo... Violentados.. Estuprados...
Violentamente estuprados. Os aliens fizeram EXPERIÊNCIAS com eles!
Mas
para mim nada!!
Nem
uma abduçãozinha básica eu tive o prazer de ter.
Era
só foto de borrão para aqui, foto de borrão para ali, nem um
contatozinho de segundo grau com outra ufóloga gordinha eu consegui.
Fui
ficando revoltado, rancoroso.
E
cada vez mais obcecado pela ideia de ser abduzido.
Cheguei
ao fundo do poço, larguei o trabalho, mudei para o meio do mato,
usei drogas e finalmente, pela primeira vez, vi um borrão ao vivo no
céu... Achei que ele ia descer até mim, me abduzir, mas... na hora
agá... Passou o efeito. Foi só ilusão.
Hoje
superei meu vício e sou um novo homem. Meu nome é João o e faz 4
anos, 3 meses e 10 dias que eu olho borrões em fotos e não concluo
tratar-se da prova irrefutável de vida fora da Terra.
Eu
sou um ex-ufólogo assumido.
Não
acredito em mais nada e quando olho para meu chefe não fico pensando
em aliens. Nem chefe eu tenho mais, minha vida mudou. Foquei na
matéria, destruí colegas de trabalho e ganhei um cargo de chefia!
Comprei minha casa e meu carro. Meu carro!!
Hoje
eu posso dizer: sou um vencedor!!!
Mas
cá entre nós eu admito: eu trocava tudo isso por um contatozinho
imediato com um aliens barato numa esquina qualquer do cosmos.
Fanático Religioso
Era
uma vez um fanático religioso que matou um outro fanático religioso
por motivos religiosos. Isso não podia ficar assim e para dar um
basta nisso um fanático ateu anti-fanatismo religioso iniciou uma
fanática campanha de combate ao fanatismo religioso. Mas isso era
injusto, pois nem todos religiosos são fanáticos. Foi assim que um
homem religioso não fanático começou a defender fanaticamente o
fato de que nem todos religiosos são fanáticos. Ele passava seus
exterminando todos os fanáticos que nao concordavam com o fato de
que nem todos religiosos são fanáticos. Ao final, todos os
fanáticos morreram. Todos em guerra. Todos de velhice.
A onda sonora de LUZ ilumina
LUZ
era um homem cuja realidade se resumia a batalha para superar "o
mundo da ilusão".
Foi
assim que LUZ passou a vida toda preso na ilusão de que estar
superando a i-lus-ão.
A
ilusão de LUZ era a sombria realidade do mundo material. Mesmo
encarnado ele vivia a ilusão de vencer a matéria. LUZ não curtia
Jesus e jamais poria no carro o adesivo "100% Jesus". Carro
até vai. Mas carro com Adesivo é muita matéria para o gosto do
Luz. Mas, mesmo sem adesivo, o sonho oculto de LUZ era um dia ser “
100% LUZ”.
Um
ex-amigo bebâdo, sábio e sombrio cruzou com LUZ na rua e disse:
"Quer virar luz? De um tiro no ouvido!!!".
Mas
LUZ não ouviu esse som. Iludido pela luz, LUZ não ouvia sons
oriundos da sombra. Luz na verdade, não ouvia som algum. Quando
muito, a própria voz.
É
que Luz era muito humilde. Tão humilde que ficou dominado pela
arrogância típica das pessoas que se auto-definem humildes. E foi
assim que não percebeu a realidade dita pelo sombrio corpo material
do sábio ex-amigo bêbado dominado pela ilusão.
LUZ
ficou sozinho por muitos e muitos anos. Sozinho e arrogante. Com
tristeza galopante, LUZ ficou sombrio.
Até
que no auge da escuridão a luz finalmente chegou. E veio na forma de
som.
Começou
com uma mudança sutil em sua material corda vocal.
Há
anos o LUZ falava sozinho. Era uma prática oculta: a busca da
retórica perfeita com a oralidade ideal. Ele sabia que a voz é
música e a música é a mais espiritual das artes. E quando menos
esperava, quando já estava nas profundezas de suas sombras, chegou
uma luz. E com ela a grande mudança: a voz de Luz alcançou o exato
tom iluminado.
Luz
sempre falara pausado. Mas antes seu tom era apenas chato. Agora sua
corda vocal, numa mutação iluminadíssima, desenvolvera uma
técnica que dava a impressão que sua voz vinha de longe. De trás.
Do alto. Sublime e avante. A voz de LUZ era etérea. O som de LUZ
era um som sagrado.
Mas
era apenas uma sutil mudança vibratória em sua material corda
vocal.
A
voz de LUZ causou impacto. Quando Luz falava, seu corpo era como um
boneco de ventríloquo, controlado pela luz do iluminado espírito do
LUZ. A voz parecia vir de longe, direto da luz até o som, sem se
contaminar pela sombria matéria material. Luz não precisava nem
mexer a boca, esse tão carnal aparelho sonoro.
Logo
LUZ ganhou adeptos. Quando LUZ falava o seu público - que odiava
seus próprios degradados corpinhos materiais - vibrava em silêncio
respeitoso. De etéreo balão solitário a flanar na ilusão de
criticar ilusoriamente o "mundo da ilusão" material, LUZ
finalmente, virou uma luz que ilumina. O sucesso foi tanto que LUZ
falava em grandes palcos materiais super iluminados por grandes
holofotes materiais, para uma imensa platéia de sombrios corpos
humanos materiais encarnados que – a procura da própria iluminação
e do próprio desapego da matéria - iam ouvir os sons emitidos por
LUZ. Ninguém ligava muito para o conteúdo por trás do som, era o
mesmo de sempre. O que colava mesmo era voz do LUZ. Ou como disse um
fã mais heavy, ainda em início de conversão: “o cara faz um mega
som iluminado”.
E
foi assim, emitindo sons iluminados, que o corpinho material de LUZ
conseguiu, finalmente, ser feliz na parte sombria da matéria. Está
certo que LUZ evitava sorrir, pois “seria carnal demais”. Mas
era feliz. Quando ele menos percebeu, estava realmente iluminado.
Feliz, pleno.
Combater
"o mundo material da ilusão" virou uma realidade
material. E LUZ chegou a iluminação devido a sua material corda
vocal que emitia uma sonora onda espiritual.
Ou
como já disseram em algum lugar sagrado: no princípio era o verbo.
Moral
da história
Ilusão
que só ilude só, é só ilusão que se ilude só. Mas ilusão que
nos ilude junto, é realidade.
Nem
se essa ilusão for a ilusão de “combater a ilusão.
Final dos Tempos: Senhor Fome
Um
pônei gordo entra formal e começa a dizer:
"Eu
sou o Senhor Fome e sou um dos quatro cavalinhos do apocalipse. Eu
sou um pônei esfomeado. Sou gordo por precaução. O que eu quero é
segurança.
Eu
morro de medo da morte e, por isso, me aliei a ela. Sou seu fiel
discípulo. Eu odeio batalhas e, por isso, optei por viver ao lado
do Senhor Guerra. Afinal, numa guerra o lugar mais seguro é a
cabana do General.
Eu
morro de medo de morrer de peste e, por isso, prefiro ter a peste
sempre por perto. É mais seguro ter a doença dentro de mim
controlada por médicos de minha confiança do que ter ela solta por
aí, podendo me atacar.
Eu
sou um pônei precavido e busco segurança e estabilidade. Sou gordo
para ser mais firme. Sou um verdadeiro peso. Eu como muito pois gosto
de acumular estoques. Roubo muito para garantir minha velhice. Foi
assim que virei ministro do Senhor Guerra. Minha tarefa é organizar
as festas.. Tem gente que diz que sou mordomo, outros secretário
particular. É mentira. Sou o ministro da cultura, do entretenimento
e da culinária.
Eu
sou a Fome e minha fome é eterna e insaciável. Como, pois quero ter
tudo dentro de mim: casa, grana, mulheres, discursos, falas, falos,
netos, etc...
Eu
sou um pai de família. Adoro meus netos e não vejo a hora de
conhecer todos eles pessoalmente. Adoro minha esposa. Todas elas.
Esta certo que tem algumas que eu não vejo a décadas, mas ainda as
tenho em meu coração. E em minha masmorra. Todas elas. Tudo por
amor. É que eu adoro coleções. Amo mesmo. Tenho coleção de
tudo.
Mas
de todas as minhas coleções a que eu mais gosto é a de rótulos de
cerveja. Esposas, por exemplo, vem apenas em quatro ou cinco cores.
Se você quiser outras cores tem que customizar e sempre sai a tinta
depois do banho. Já os rótulos de cerveja tem uma variedade imensa.
São lindos, coloridos, charmosos, interessantes, viajados.. Me dá
fome só em pensar. Na próxima encarnação se eu puder escolher,
vou nascer rótulo de cerveja.
Eu
gosto tanto das coisas que , se eu pudesse escolher, nem entraria
nessa de ser Cavalinho do Apocalipse. Esta certo, eu sei.. Foi o
emprego que pintou. E é seguro, estável.. Se tem algo que nunca
falta no mercado de trabalho é o setor de destruição. É uma regra
da natureza..
Mas
eu não sou como o Senhor Guerra e o “Prazer pela destruição não
é o primeiro do meu coração”. Ainda prefiro a deglutição.
É,
por isso que, enquanto os outros cavalinhos apenas destroem, eu sigo
outro caminho. Sempre que possível eu traço, como, me alimento. Só
a antropofagia nos une e eu prego a união. Como tudo: mulheres ,
crianças, arvores, até mesmo rótulos de cerveja (desde que sejam
rótulos que eu já tenha em minha coleção). É o melhor que posso
fazer para ajudar essa gente. Quem quiser ser parte de mim será bem
vindo. Garanto uma vida de prazeres eternos e fome insaciável.
Final dos Tempos: Guerra
Um
pequeno pônei com roupa de Napoleão, super formal e meio noiado
começa a explicar suas origens:
“Tem
gente que pensa que sou o líder.” Mas sou apenas um soldado a
serviço da causa. Gosto de batalhar por um ideal. A vida é isso
afinal.
Sou
um guerreiro e não perdi tempo como filosofia. Preferi estudar as
artes da guerra, a estratégia da vitória absoluta, as maneiras de
conseguir a eterna destruição completa do inimigo. Eu só não
tinha claro quem era o inimigo.
Ainda
jovem eu estava pronto para uma grande batalha. Só faltava o ideal
para lutar.
Como
sou um homem prático e não perco tempo com filosofia, eu não tive
tempo de formar meu próprio ideal. Mas isso é algo fácil de
resolver, tem muito ideal disponível para comprar no mercado.
Encontrei
minha ideóloga ideal na Morte. Acho lindo aquela busca da perfeição
absoluta. O que mais gostei na filosofia dela é que ela pensa
grande, não se prende a fraquezas humanistas pequeno-burguesas e
assistencialistas. A morte é uma cavalinha pragmática e topa tudo
para alcançar nosso objetivo final de chegar ao final definitivo.
O
Peste e o Fome são meus dois ministros, meus braços-direitos. Eu
curto o Peste, ele é quem me anima, é quem me faz acreditar na
morte, é quem me tira da depressão nos momentos mais difíceis. O
Peste tem aquele saudável frescor do homem rancoroso. E, como todos
sabem, é a vontade de vingança que move o mundo (basta ver as
novelas, do conde de monte cristo as novelas atuais).
Já
no Fome eu encontrei o medroso ideal, o vendido ideal, o executivo
ideal, o meu braço direito. O medo é outra força motriz do mundo e
o Fome é quem faz o meio campo necessário entre a grandeza do
Guerra (eu, mesmo, aplausos, por favor) e os gordos burgueses
assustados que financiam a compra de nossas armas.
Nós
somos os 4 Cavalinhos do Apocalipse e nosso destino final é difundir
o caos primordial. Prometemos superar limites indo mais longe do que
ninguém jamais foi em matéria de destruição e tragédia,
concluindo o trabalho inconcluso dos pequenos pôneis meus
antepassados, como vovô Napoleão Cavalinho e Titio Hitler
Cavalinho. Aguarde pois você ainda vai ouvir falar de nós.
Final dos Tempos: Morte
Uma
pequena pônei, muita magra e com roupas negras começa a falar,
tentando sorrir:
Oi...
Tudo bem com vocês? Meu nome é Morte e sou um dos Quatro Cavalinhos
do Apocalipse. Sei que você deve estar pensando: “Mas a morte é
apenas um Pequeno Pônei!”. Pois eu que vos escuto vos digo: “NÃO
PENSE NISSO SEU CRETINO POIS PENSAR NISSO SERÁ SUA MORTE”... ...
Depois
de gritar a morte da uma risadinha leve e continua:
“Curtiu?
Curte vai. Eu tenho até uma pagina no face book só minha. Curte
vai...”
E
depois grita de novo:
“PEQUENO
PONEI É O CARALHO! QUER MORRER PLAYBOY!”
A
Morte ri de novo, falsa tímida.
“Gente,
vocês não ligam né? É que eu sou assim mesmo. Bipolar e odeio
pôneis deformados, eles me lembram anões defeituosos. Odeio...
Mas
sou assim mesmo... Bipolar. Posso ser delicada como a morte dormindo
ou violenta como a morte em batalha. Você é quem sabe.
Em
geral, seu só quero é levar minha vida, mas como eu mesma sou a
morte às vezes fica meio difícil, né? Vocês me entendem, não?
No
fundo , no fundo, eu...
(
nessa hora entra um funk pesado e a morte canta como funkeira maluca)
“EU
SÓ QUERO É SER FELIZ... DESFILAR TRANQUILAMENTE NA PASSARELA QUE EU
CRESCI”.
(depois
ela sorri de novo, tranquila. Silencio. Ela continua).
“Eu
nao sei se vocês notaram mas eu de formação mesmo sou modelo. Já
foi até modelo e manequim, mas hoje só modelo. Eu cresci na
passarela.
(ela
da uma voltinha mostrando a roupa inteira preta)
“E
adoro preto. Em roupa, claro. Pois odeio gente deformada.
Eu
sempre fui perfeita. Foi destaque júnior de minha escola, aos 8 aos
eu já era modelo, aos 12 mudei sozinha para o Japão para sustentar
minha família de deformados, coitados. Amo eles, sabe... Mas são
todos meio gordinhos, deformados. Eu não. Sou perfeita. Perfeita!
Aos
13 apresentei programa infantil mas foi só duas vezes em canal
comunitário. Tive dificuldade com passarela pois diziam que eu era
baixinha, filhos do puta. Por isso passei um tempo doente e quando
voltei, aos 16, eu além de baixa já era velha para o trabalho. Mas
como sou perfeita e continuei batalhando, até hoje, as vezes ,
consigo um teste aqui e outro ali e, mesmo não estando em atividade,
mantenho minha eterna busca da perfeição.
É
por isso que eu não como. E quando como, eu vomito. É para ser
perfeita.
Tem
uns caras que falam que isso é uma doença e que vai me levar a
morte. Mas e dai? Eu já sou a Morte! Prefiro um morto perfeito do
que um vivo deformado.
Mas
em uma coisa eu não era assim tão perfeita Eu era muito
egocêntrica. Só pensava em mim e na minha família de gordinhos
defeituosos.
Foi
o Senhor Guerra quem me ensinou a ser generosa, quem me despertou a
consciência social, e me engajou na causa pública. Foi assim que me
tornei um dos Quatro Cavalinhos do Apocalipse.
Hoje,
o bem que quero para mim eu desejo a todos meus irmãos. A todos eu
desejo a MORTE. Especialmente aos coitadinhos dos deformados. Eu
superei o egocentrismo e a todos eu desejo eu mesma.
Final dos Tempos: A Peste
Desde
criança mamãe me dizia:
“Menino
você é uma peste”
Na
escola também, a professora gostosinha dizia:
˜Menino
, você é uma peste”
Meus
colegas, assépticos e hipocondríacos, viviam com medo de mim
“Sai
para lá... Peste. Empestiado"
Foi
assim que a solidão foi corroendo meu peito. Afinal, eu sou peste,
mas também sou filho de deus. Não aguentava mais ser excluído
pelos colegas
Meus
únicos amigos eram a morte, uma menina gótica meio gordinha e super
depressiva. E a Fome, uma outra maluca noiada que tinha um ideal de
beleza absoluta e pregava a fome ampla geral e irrestrita.
Éramos
a turma do fundão e nosso líder era o Senhor Guerra, um garoto
megalomaníaco que queria conquistar o mundo.
Como vivíamos isolados e não tínhamos muito que fazer
e precisávamos de algum motivo para viver começamos a ouvir as
ideias do senhor guerra.
Ele
ficava botando ideias malucas em nossa cabeça, ideias que colava
para cada um de nos.
Para
a morte ele dizia que a vida não faz sentido. E que o melhor que
podia fazer é matar os humanos
Para
a Fome o Senhor Guerra era quase um nazista. Dizia que as pessoas são
muito imperfeitas e que temos que aperfeiçoar a espécie
exterminando os quilinhos – e os gordinhos – excedentes. A fome
vibrava em seu ideal de perfeição absoluta.
E
para mim ele trabalhava com meu rancor. Eu que fui considerado uma
peste a vida toda agora podia empestear a todos, contaminar a todos,
foder a todos...
Fui
aos poucos entrando nessa...
Fomos
crescendo e ganhando estatura e convicção. Compramos cavalos para
nos dar poder. Arrumamos uns instrumentos simbólicos
Começamos
a planejar o nosso dia, o dia do apocalipse!
No princípio: A verdadeira história de Adão e Eva
Era
seu último dia de trabalho, véspera do feriado eterno que ele mesmo
se presenteara. Deus já tinha feito o cosmos, a lua, as estrelas, a
terra e o mar. Também tinha feito os bichos, as moscas, as bactérias
e até o ornitorrinco. Mas ele sentia falto de algo mais. Deus
sentia que suas ferias teriam muita contemplação da natureza, muito
lirismo lindo, tudo azul. Deus, safo como era, viu que podia ser
muito chato passar a eternidade apenas observando aquele imenso
mundo, como se a vida fosse uma eterna exibição de documentários
naturalistas do Animal Planet. Deus sentia falta de um drama, uma
novelinha básica das oito, um melodrama. Foi tentando conversar com
um macaco peludo que Deus teve a idéia: bem que esse macaquinho
podia falar, né? Deus riu de sua própria piada. Imagina uma macaco
falante, rsrs.. Mas ousado como era Deus decidiu correr o risco e ver
no que ia dar. Foi assim que surgiu Adão. E Eva. Mal sabia Deus o
destino que lhe esperava.
Sim!
Adão e Eva surgiram juntos, ao mesmo tempo. Fazia uns dias já,
desde logo após as amebas, que Deus inventara os animais em dupla. E
inventara o sexo. Deus gostou da ideia e adotou o sexo como padrão a
partir dali. Pois, convenhamos: ver um sexo animal era bem mais
divertido do que ver bolinhas moles se dividindo sozinhas!
Mas
a criação de Adão e Eva logo virou um problema. Esta certo que
eles falavam, mas falavam o tempo todo. E eram meio chatos,
repetitivos. Adão entrou numas de contemplação Riponga e saiu
saltitante pelo campo maravilhado com as belezas da criação. As
vezes voltava com uma flor na mão, uma minhoca sua nova melhor
amiga, um celular conectado no face book.. Tudo para Adão era
divino. Deus ficou até meio preocupado com essa toda essa animação
saltitante e chegou a pensar: filho meu tem que ser macho!”. Mas
tolerante como era logo desistiu de ações repressivas com seu
saltitante macaco falante.
Com
Eva era pior. Ela vivia reclamando da decoração: “Que papo é
esse da água ser incolor inodora e insípida? Odeio coisa insipida,
que horror..”. “E aquela sacada lá? “, disse Eva apontando ao
monte Everest. “Não dá para fazer mais baixa não? A vista é
boa, mas só maluco para subir lá”. E a pior, a queixa que deus
realmente magoou: “Mas afinal..Quem é o decorador dessa joça?”.
Era tanta reclamação que Deus sentiu pela primeira vez o peso de
ser homem. Homem casado. Tanto que, na outra vez que veio a terra
bilhões de anos depois, Deus optou por ser solteiro. Mas isso é
outra história.
O
fato é que era véspera do feriado eterno e Deus tinha pouco tempo
para consertar aquela coisa toda. Ele começara a ver que, com Eva
reclamando como louca, a vida no paraíso seria um inferno. Eva
queria tanta atenção que nem contemplar os animaizinhos tranquilo
Deus podia mais. Para Deus, que já já iria partir dali, o Paraíso
seria um péssimo canal televisivo para ele sintonizar nas ferias
eternas que ele tanto planejara. Todo seu esforço de 6 dias seria em
vão. E Deus pela primeira vez na vida eterna chegou a pensar: dessa
vez fui longe demais!
Foi
então que Deus decidiu radicalizar. Quando Eva falou da decoração
ele ficou tão furioso que pensou: e se eu desse consciência para
essa mulher?”. Era uma idéia maluca, nunca nenhum outro Deus no
mundo fez isso e o próprio Deus logo se censurou. E entrou num longo
monologo interior: Afinal , seria muito cruel dar consciência a um
serzinho tão insignificante quando Eva. Imagina ela sabendo que
existe morte? Não coitada, não ia aguentar. Tá certo que
consciência também tem umas coisas legais, admito. Mas ela não
merece. Ou merece? O que é que tem ter mais gente consciente além
de mim? Não será egoísmo meu ser o único consciente em todo o
cosmos? Isso pegou para Deus. Espiritualizado como era Deus praticava
o desapego de seu ego e achou que seria justo compartilhar com
alguém. E continuou: Mas será que eles suportam?”. Foi bem nessa
hora que Eva parou na frente de Deus e começou a criticar sua
barba.. “Muito grande essa barbicha, hem? Está na hora de dar uma
aparada. Com essa autoimagem e com esse portfolio horrível que você
chama de Paraíso não vai conseguir mais trabalho de decorador”,
disse ela, irônica como uma cobra. “E depois vai vir aqui, pedir
ajuda para mamãe”. Foi a gota dágua. Novamente furioso Deus
concluiu que pior do que esta não fica e que essa Eva merecia a
consciência. Merecia nos dois sentidos, o bom de ter merecimento, e
o ruim de “essa muié merece”.
Foi
assim que ele decidiu dar a Eva a maçã do conhecimento. Na verdade
mesmo não tinha maça alguma, era só dar o conhecimento. O problema
é que ela devia querer o conhecimento e, apegada a estética como
Eva era, ela não daria bola para um conhecimento muito abstrato. Ele
precisava de uma bela fruta para simbolizar a beleza do conhecimento.
Além
disso, Deus, safo como sempre foi, já tinha percebido que seu
prestigio andava baixo e que sua egocêntrica criação não dava
muita bola para ele. Por isso, não adiantaria ele dar uma de Deusão
gostosão e, todo bonitão, oferecer solenemente a maça a Eva. Ela
ia ignorá-lo.
Foi
assim que Deus inventou a pegadinha do malandro. Sim, pois a historia
da maça foi basicamente uma pegadinha. Deus queria que Eva comesse a
maça para ter conhecimento mas não sabia como convence-la disso.
Olhando o comportamento dela concluiu: se eu disser que é proibido
ela vai querer! Foi nessa hora que Deus inventou o pegadinha. E, ao
mesmo tempo, inventou o pecado!
Ah...
O pecado! A ideia do pecado foi realmente uma das ideias mais geniais
que Deus já teve. Só empata com a ideia da mulher mesmo. Só um
grande dramaturgo como ele poderia pensar nisso. Afinal, a ideia de
pecado não faz o menor sentido do ponto de vista divino. Se tudo
aquilo era criação dele e ele era onisciente, onipotente e
onipresente porque raios algum macaco falante poderia fazer algo que
seria errado? Estava tudo sempre certo, uai. É obvio. O problema,
deus logo percebeu, é que isso de estar tudo sempre certo era chato
demais. Tal como um gatinho que brinca com acuado no canto antes de
mata-lo o legal era o homem acreditar que podia desafiar a Deus. Pois
aí é que dava jogo. Não que Deus fizesse questão de matar o
homem, nem mataria. Mas se o homem soubesse desde o inicio que já
estava tudo certo ele não participaria do jogo. E deus queria o
jogo, pois o jogo é que era divertido!! Foi assim que Deus inventou
o Pecado, o “isso não pode” e, de tabela, a culpa e o drama. E o
mais engraçado foi que Eva acreditou. Foi assim que começou a
história e o teatro, com Deus fazendo seu primeiro papel, uma
espécie de apresentador de programa de auditório, com Eva, Adão e
a Serpente falante como personagens do reality show!
A
cena vocês já conhecem: Deus chegou todo formal e fez um discurso
solene sobre as benfeitorias do Paraiso. Parecia político. Eva que
ainda não sabia da existência de políticos ignorou e achou que
aquilo era papo de decorador. Mas ao final Deus soltou sua verdadeira
arma secreta, seu maior gancho dramático, o seu famoso: “Não
pode”!!!! Deus disse: “Tudo isso é para vocês, mas tem algo que
não pode!” Eva já olhou interessada. E Deus concluiu misterioso:
“Não pode comer a maça! Não pode comer a maça!”. Não deu
outra, Eva caiu com um patinho. Ficou louca de vontade de desafiar
aquele decorador metido, queria porque queria fazer um pecado básico,
ver qual era a onda daquele tal de conhecimento. Deus via tudo do
alto e vibrava: agora esse filme vai ficar bom! Para dar mais emoção
Deus deu voz a uma serpente venenosa que atuava como o Alexandre
Frota no Casa dos Artistas, incitando Eva ao pecado. Ela caiu
rapidinho e para a alegria de Deus a história começou. O grande
finale todos conhecem e teve uma magnifica
atuação de Deus como pai ofendido! Genial. Eva caiu como um
patinho.
Já
o Adão, perdido no inicio, mas Maria- vai-com-as-outras desde
sempre, logo entrou na parada. Para Adão, Deus lançara outra
maldição: ficar tarado por Eva. Deus se livrava assim daquela
boiolagem inicial do Adão riponga e botava o homem para trabalhar.
Não deu outra, ao comer a maça Adão passou os dias a querer
seduzir Eva para ver se alcança a transcendência perdida. Para
seduzir Eva ele começou a entrar numa de construir cabanas,
castelos, pirâmides e outros brinquedinhos que exibiam poder. Para
conseguir construir tudo isso ele começou a brigar com os outros
Adãos e o filme foi ficando cada vez mais divertido. Para Deus isso
tudo foi ótimo. Primeiro porque Eva, ocupada com os pecados da maça
e contemplada em seu ego pela atenção de Adão, parou de reclamar
tanto. Só reclama as Evas que não querer comer a maça, mas aí é
cada-um-cada-um. E os Adãos viraram divertidos personagens da farsa
cômica que eles chamam de disputa do poder. Deus, sempre que cansa
de contemplar os bichinhos malucos, coloca na novela das oito e vê
os Adãos naquele jogo maluco cheio de Evas sedutoras.
Claro
que a história tem muitas outras variações e o jogo de Deus com o
homem é bem mais complexo que isso e continuará nos próximos
capítulos, mas essa parte é a verdadeira história de Adão e Eva.
E é o início da história.
Para
que o jogo ficasse mais divertido Deus, que é muito mais criativo
que os criadores de games, inventou a não-ação. Cada jogador tem
sempre a possibilidade de não-agir por um tempo e não será morto
por isso. Ao contrário, isso pode fortalecê-lo. Se o jogador-homem
começar a ter muita ânsia de fazer pontos vai explodir de gordo ou
bater o carro no poste.
Mas
não que seja fácil a não-ação. É um dos testes mais difíceis
do game da vida humana. Para dificultar a não–ação Deus criou as
necessidades materiais e deixou o homem com um pedaço do cérebro
límbico que fica facilmente viciado em suas próprias necessidades.
Isso é super legal, pois aumenta a responsabilidade do homem
jogador. Ele é que tem que decidir a cada instante. Se por um lado
ele tem dramas reais e precisa pagar as contas e dar uma trepada para
acalmar o seu límbico interior, por outro ele pode viciar nisso e
virar um doidinho que é levado a morte pela ânsia de fazer mais
pontos no game da matéria.
Cosmogamia (segunda parte)
Cosmogomia:
Segunda parte
Eu
sou é vários!
Mas
logo Ele viu que ele, ainda era muito pouca gente. Além disso, na
época Ele ainda não era muito criativo e sua primeira criação era
muito a sua imagem e semelhança. Mas já era alguma coisa. Era
alguém além Dele. Meio parecido, mas alguém. O chato é que ele
passava o tempo todo perguntando: Responda-me: Quem sou eu? Por mais
que Ele explicasse a ele que Ele era apenas uma projeção Dele
mesmo, Ele não acreditava. Desde esse dia, Ele desistiu de falar com
suas criações e percebeu que era mais legal apenas observá-las.
Foram
os piores bilênios de sua vida. Ele estava cada vez mais entendiado
com ele mesmo. Era chato para caramba ver a si mesmo ali, sendo um
chato que reclama o tempo todo e nunca alcança solução. Nada pior
que conviver com gente parecida conosco. Foi assim que Ele, pela
primeira vez na vida, pensou – por um bilionésimo de segundo –
que essa crise que ele vive há bilênios de anos era meio chata e
repetitiva. Mas foi só um instante. A seguir a crise – que ainda o
dominava – voltou a dominá-lo.
Até
que Ele – quando já estava desistindo de si mesmo - teve sua
primeira IDEIA racional! A primeira criação foi apenas intuitiva,
mas a segunda foi também racional. Ele decidiu separar Ele mesmo em
dois seres. Assim, ao invés de ficar apenas ouvindo um monólogo
Dele consigo mesmo, Ele poderia ouvir – sem participar - um diálogo
entre dois seres. Ele chamou a eles de Masculino e Feminino. A ideia,
aparentemente simples, era genial. De uma tacada só Ele inventou os
números, a matemática, a divisão, o diálogo e o teatro. Em termos
de literatura, Ele saia do lírico e entrava no modelo dramático.
Ele
aprendeu muito com aquele simples diálogo entre dois seres. Pela
primeira vez ele percebeu que esse papo de uno era ilusão Dele
mesmo. Ele era uno, mas era dois. E que ouvir o diálogo entre duas
partes de si mesmo é uma ótima forma de aprender sobre si mesmo.
Até hoje, quando um homem discute com uma mulher, eles estão apenas
trabalhando para que Ele entenda melhor suas várias facetas e sua
infinita complexidade.
Foi
assim que Ele começou a CRIAR todas as coisas... No início, Ele
criava para resolver sua crise, mas Ele logo pegou gosto pela coisa e
a criação virou um prazer em si mesmo.
No
início ele estava numa pira de que Ele era dois, estava numas de
Binário. Aí começou a separar tudo em dois. Foi assim que ele
decidiu separar a matéria do espírito. Ele adorou, achou perfeito.
A matéria era ótima para dar concretude às coisas e também
representava muito bem aquela permanente sensação de aprisionamento
que Ele sempre sofrera. Já o espírito era Etéreo e permitia que
Ele continuasse dando os seus infinitos vôos astrais.
Depois
decidiu separar o Tempo do Espaço. Ele também adorou, achou super
útil. Antes as coisas ainda aconteciam de forma muito simultânea e
eram difíceis de entender a história. Agora as coisas aconteciam
uma de cada vez, era ótimo. Foi assim que, após inventar o diálogo,
ele inventou a narrativa e à partir daí tudo ficou mais claro e ele
podia acompanhar melhor as suas histórias.
Foi
assim que surgiu o mundo físico.
Mas
logo Ele percebeu que esse papo de Binário era uma limitação, que
esse papo de que Ele era dois era outra nóia sua. Ele não era
apenas DOIS, ele era muitos.
Aí
começou a multiplicar. Foi um período áureo, sua infância
criativa. Ele passou bilênios e bilênios numas de artesanato,
brincando de massinha e fazendo seres a seu bel prazer. Foram criados
mundos e fundos nessa época. Mas o fato é que Ele também se
cansou.
Logo,
Ele começou a perceber que estava se repetindo. Suas criações
estavam virando obra de autor, começaram a expressar temas
recorrentes, repetitivos. Ele via que as possibilidades eram
infinitas e sentia que não estava sendo criativo o suficiente para
inventar tudo que deveria para poder assistir a todas suas inúmeras
facetas.
Foi
assim que ele lembrou da matemática. Ele percebeu que para entender
a si mesmo não bastava ser um artesão. Ele gostava de criar, mas
tinha que passar a gestão! Foi então que ele criou a matemática, a
programação, e a inteligência artificial.
Assim,
ao invés de criar cada coisa de forma artesanal, Ele criou o sistema
operacional que rege o mundo, um imenso algoritmo combinatório que
faz com que as coisas criem a si mesmas. O Grande Algoritmo, do qual
todas as leis da física e da biologia – termodinâmica, Newton,
relatividade do Einstein, genética - são apenas a parte que um de
seus seres - os homens – podem compreender dentro de sua parca
capacidade de abstração.
A
partir daí as coisas começaram realmente a acontecer. Ao invés de
ficar criando sozinho, Ele mesmo começou a assistir ao imenso
mistério d'A Criação.
A
partir daí Ele alcançou a felicidade! Deus hoje, é um homem pleno.
Seu
sistema operacional o surpreende a cada segundo, criando coisas cada
vez mais inusitadas. Quando dá suas raras entrevistas ele lembra do
fascínio que teve no instante aonde aquelas simples partículas de
matérias se organizaram e fizeram surgir a vida, e suas posteriores
e magníficas manifestações. “Coisas que eu mesmo nunca
imaginei!”, diz ele com o orgulho do pai que vê o filho entrar na
faculdade. Ele também chora sorrindo, sempre que conta de como –
para sua grande surpresa o sistema fez surgir um ser tão maluco como
Ele mesmo - que tal como ele sempre passa tempos em crise, apenas
pensando – Quem sou eu? – e que tal como Ele – começou a criar
coisas para tentar descobrir esse mistério. Para Ele é lindo ver
esse SER – tão pequeno, mas tão parecido com ele mesmo - passar a
cada vida por tudo que Ele passou e lutar para superar seu problema
fazendo criações como Ele mesmo criou. Ele também conta com
orgulho de como esse Ser conseguiu Ele mesmo, inventar outras coisas
que criam outras coisas: os computadores. Assim, com o Homem a
criação (C) virou exponencial e chegou ao C2 (c ao quadrado). E com
o computador a criar chega ao C3 (c ao cubo). Multiplicam-se cada vez
mais as facetas do primeiro Criador!
Por
tudo isso, Ele hoje é um homem feliz.
A
cada instante O Sistema vai criando uma faceta sua, descobrindo
novidades sobre Ele mesmo. Ele pode ficar ali, assistindo isso o
tempo todo. É verdade que Ele nem sempre tem tempo de acompanhar
tudo isso. Ultimamente Ele tem estado tão calmo que passa horas
apenas curtindo a vida em meditação. Pois já faz tempo que Ele
parou de tentar entender quem Ele é. Ele já sacou que não existe
uma resposta definitiva até porque, Ele mesmo vai mudando o tempo
todo. Ele já percebeu que Ele é tão complexo que nem Ele mesmo
entenderá.
Ele
já sacou que o problema não é esse. Que a única coisa que importa
mesmo é ir olhando a criação e criando coisas para entender um
pouco mais sobre si mesmo. Sem se preocupar em chegar a respostas
definitivas, e criando apenas pelo prazer de conhecer cada vez mais
sobre si mesmo e as inúmeras facetas d'A Criação. E do alto de sua
calma ele continua torcendo para que cada homem entenda o que Ele já
entendeu e continua criando coisas novas pelo prazer da criação.
Cosmogamia (primeira parte)
Todos
discutem como Deus criou o mundo. Mas minha dúvida principal é: por
que Ele criou o mundo? Qual seu objetivo? Ele podia tudo, para que se
dar ao trabalho de tanto trabalho? Esse texto tenta responder a essa
importante questão.
No
início Ele era uno. E como ainda não tinha criado nada, Ele era uno
e único.
Sem
nada para fazer e sentindo-se sozinho naquela unidade toda, Ele
conclui: algo não vai bem. Ele viu dois problemas. Um é que ele era
muito complexo. Sentia que sua personalidade tinha muitas e muitas
facetas, era difícil entender a si mesmo. Ele queria saber: afinal,
quem sou eu?
Além
disso, tinha outra coisa. Ele se sentia sozinho. Não tem sentido eu
ficar aqui sozinho, sem ninguém para conversar, apenas eu, na minha
unidade toda! E então ele gritou, inventando o verbo: Eu quero casa
cheia. E quero novidade permanente!
Foi
assim que ele inventou o verbo. Assim, meio de supetão, apenas para
verbalizar sua crise.
Mas
isso não resolveu o problema. Esse era, para Ele, um baita
problemão, de difícil resolução.
Foi
então que ELE começou a meditar. E mesmo sem ainda ter tido a ideia
de separar o tempo do espaço, ele passou milênios, bilênios, de um
calendário ainda inexistente, apenas ali, meditando. Seus
pensamentos iam e vinham sem controle e ele nunca chegava à resposta
de sua conclusão: afinal, quem sou eu?
A meditação foi tão longe que ele chegou ao transe.
No início foi difícil, Ele tinha muita coisa a resolver, pendências
de vidas passadas e tudo mais. Ele teve passagens difíceis, sofreu,
limpou, peiou! Até que chegou uma hora que Ele, para surpresa Dele
mesmo, não passava mais mal. Ele já não procura solução alguma,
ele apenas vivia aquele instante. Ele foi acalmando, saindo da crise.
Apenas curtindo. Foi assim que Ele realmente meditou. E logo a seguir
descobriu o prazer e criou sua segunda grande invenção: o sorriso!
E
foi assim que ele passou bilênios, triênios, ERAS completas apenas
sorrindo de inúmeras formas. Nunca alguém sorriu tanto quanto Ele.
Foi
então que, na hora que ele já tinha esquecido esse papo de 'Quem
sou eu?', na hora que ele já se sentia muito bem sozinho mesmo, Ele
- FINALMENTE e ainda de forma inconsciente – fez sua primeira
criação.
Foi
assim, de súbito, como se viesse do nada. De repente ele - mesmo sem
ter inventando a visão - viu alguém perto dele.. Foi quando ele
criou esse SER. Ele percebeu como é gostoso ter companhia.
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