terça-feira, 28 de agosto de 2012

Humor e Auto-ajuda

“2012 chegou e cumpriu-se a PROFECIA MAIA: o Corinthians venceu!!! Para alguns astrólogos desinformados seria o fim do mundo. Erraram. Ou acertaram, mas o fim do mundo é a vitória do Corinthians na Libertadores (e no título mundial), inaugurando uma nova era popular cósmica! Pior que é serio. Ou não.. como diria o Caetano. O fato é que 1977 a vitória do Corinthians no Paulista deu auto-estima para o povão e deflagrou as greves! Agora em 2012 o que virá?”

“Humildade é tudo. Mas sem auto-estima não dá para ser humilde. Quem não tem auto-estima vira arrogante. Ta cheio de pessoa arrogante que se considera o mais humilde do mundo. Auto-estima é se sentir legal. Arrogância é se sentir melhor que os outros.”

“O que importa é competir. Ok. Então perder e vencer é a mesma coisa? É isso? Sei lá, prefiro vencer. Estou errado? Sou sacana?

"Pensando nisso eu concluí: o importa não é vencer, é tentar vencer. Tentar vencer de todas as formas. Pois ao tentar vencer você sempre vence."

"Pois ao tentar vencer, você, mesmo se perder, terá superado seus limites. Você pode não vencer o "outro", mas terá vencido a si mesmo.”

"Acreditar em Deus é acreditar que está tudo certo. É acreditar que todas as coisas que você fez na vida tiveram significado."

“Quando a psicanálise falha só a meditação e a reza resolvem. Pois ela silencia a briga dos "eus parlamentares" e convoca a mediação sagrada do divino.”

“Deus é o mediador ideal pois ele ama a todos os "eus", superiores e inferiores. Para ele, alias, não existe isso de superior e inferior”

“Deus é a intuição, a inovação. Algo novo, completamente diferente, que pode nos fazer achar soluções inusitadas para a vida.”

“Quem se conecta a Deus, se conecta ao externo, ao mundo, ao cosmos. É por vir de fora, que Deus resolve o conflitos dos "eus".”

“Deus nos dá intuições conciliadores. Pois Deus sempre atua no amor.”

“Como Deus é tudo e é um "tudo muito bem resolvido e com ótima auto-estima", ele ama a todos. A todos os "eus".”

“Deus é fera! Não sei se Ele existe, mas se não existe, é a melhor metáfora poética já criada pelo homem.”

“Deus ama tanto que não precisa nem perdoar. Perdoar é coisa de ser humano, que estava magoado e agora perdoa. Deus nunca magoou. Ele só amou.”

“O trabalho ideal é aquele que você percebe que está usando um pouco de todos os outros aprendizados que colheu em seus trabalhos anteriores. Pois esse trabalho é algo que você pode fazer melhor que qualquer outra pessoa no mundo. Não é mais importante que os outros. Mas é sua cara.”

‘Tem vários tipos de gênio. “O melhor é o gênio que desperta os gênios do mundo.”

“Quando você acredita piamente que todos são burros, é hora de perceber que é você que está sendo arrogante.”

“Quanto mais me exponho publicamente, mas me autoconheço. Para mim não adianta nada tentar ficar isolado, meditando como ermitão.”

“Não é porque sou noiadinho que preciso noiar muito com isso.”

“Filosofia astanga Yoga traduzida para comunistas: "Todo poder aos abdomens"."

"Só a PANÇA salva!" - É a filosofia da astanga Yoga traduzida para os crentes.

“O obsessivo é, antes de tudo, um forte. E, por isso, sofre. Tem hora que é bom aceitar que as coisas não serão como eu achava que deviam ser.”

“Não existe pessoas bom-caráter e mau-caráter. Existem pessoas com caráter e sem caráter. Quem tem caráter é as vezes bom caráter, as vezes mal.”

“Tédio não mata. Até porque o entediado já está morto.”

“Cheguei 3 da matina, apos jantar de trabalho, cheio de vinho na cabeça. E pensei: foda-se o mundo. Vou acordar as 6 da matina e fazer yoga. Foi nessa hora que entendi que minha rebeldia podia ser positivada. Beber hoje não é rebeldia, é automático. Ser rebelde é cuidar da saúde.

“Já conclui porque devo rezar e meditar. Vou ser tão rebelde que não vou ceder ao mundo e vou reservar tempo para mim. Só para mim.”

“Rezar alias, é a meditação de pobre. Pai nosso é o mantra indiano que todos entendem a letra.”

A "elite pensando" prefere o mantra por isso mesmo: pois nem todos entendem a letra. Nem eles mesmo. É mais charmoso. Enigmático.

‎"Eu concordo com todas as palavras que tu dizes, mas fugirei até a morte de sua obsessão por repeti-las tanto”

Uma pequena parodia do Voltaire: "Não concordo com uma palavra do que dizes mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-las".

“Não foi uma, nem duas, nem três vezes. Foram várias. Todas . Sempre que alguém me disse eu Te amo eu devia ter respondido: Menos amor e mais respeito mutuo.”

“Uma vez um índio me disse: não é que a pedra esta morta, ela só se move muito devagarzinho. Achei ótimo e tem lógica: para um vírus que vive apenas bilionésimos de segundo nós, os seres humanos, somos super lentos. Para os vírus nós somos pedra. Deve ser por isso que o vírus destrói nosso corpo: ele acha que não estamos vivos. E os vírus não devem pensar nas próximas gerações. É tipo nós destruindo a Terra. Nós somos vírus?”

“Tenho muito medo de qualquer pessoa que se auto defina iluminada. A principal diferença de um iluminado é que ele tem real consciência de sua sombra. Pois ele ilumina cada cantinho. Temos que aprender a amar o mal. Senão ele não aparece. E nos destrói escondidinho.”

"Tem gente que é tão fascinada com a luz que fica só olhando para a própria e nem percebe o lugar aonde ela iluminou" Denilde Reis, não literal.

“O problema é que olhar para a luz queima. Mariposa morre assim. Tem humano igual. Fica na frente da luz e é incinerado.”

“Quem fica na frente da luz, fascinado, olhando, buscando a iluminação, acaba, na verdade, provocando sombra.”

“O que a luz diz para quem fica na frente fascinado por ela? Sai dai! Para de fazer sombra e deixa-me fazer meu trabalho de iluminar tranquila”

“Sempre que alguém afirma: “Eu não acredito em nada!", eu pergunto: "Você acredita mesmo nisso?".

“O certo é viver numa constante certeza mutante.”

“Do meu ponto de vista, eu existo.”

“Só o salva-vidas salva. E ainda assim, salva só a vida. Que convenhamos, é pouco!”

“Não é que a vida não tem SENTIDO. É a gente que só sabe o sentido dela depois de viver!”

“Tem que aprender a amar o mal. Pois senão ele se esconde dentro de ti e fica lá, te destruindo. Ele só aparece ao perceber que vai ser amado.”

“As histórias são laboratórios de experiência existencial!”

“Finalmente eu consegui! Após anos de terapias, bruxarias e ias em geral , eu consegui. Agora posso dizer: não tenho mais interesse nas coisas que não me interessam!”

A primeira vez que eu morri - Conto 2


A primeira vez que eu morri foi a mais sofrida.
Eu estava assustado, com medo, pensava que a primeira morte seria a ultima. Nada pior do que achar que existe o ultimo. Por mim, tiraria esse tipo de palavra do vocabulário.
Além disso, eu ainda não me julgava pronto para morrer. Afinal, eu não tinha ficado rico, eu ainda não tinha comido a Juliana Paes (nem nenhuma equivalente), eu ainda estava gordo, eu ainda não tinha tido filhos pois só podia ter filhos após ficar rico, eu ainda não tinha feito meu livro pois só podia fazer meu livro após ficar rico, eu ainda nem plantara uma árvore e não plantaria uma árvore nem após ficar rico.
Portanto, quando saquei que ia realmente morrer eu optei por resistir. Sou brasileiro e não desisto nunca. Rebelde e obsessivo eu iria lutar até o fim. O fim! Sempre ele, me apavorando, me obssedando.
E uma coisa eu posso dizer: o obsessivo é, antes de tudo, um forte.
E quem é forte sofre.
Lutei e lutei cada vez mais sozinho. Minha mãe vinha me consolar falando de vida após a morte. Eu gritei muito com ela, a espantei, a expulsei. Não quero consolo. A morte é injusta. Ainda mais para alguém que ainda nem ficou rico. Não sou homem de trocar o certo pelo duvidoso. Vou lutar para viver aqui em vida. E bla, bla, bla...
Minha mãe tadinha. Ficou muito triste de me ver tão bravo.
Foi muito doído, sofri muito. Só consegui morrer quando pifou meu cerebro, entrei num transe maluco de pesadelo, enlouqueci, não sabia mais o que era sonho o que era real, nem pensava mais nesses termos, e aí consegui passar. Ufa! Mas não tinha ainda passado. Foi uma morte longa, cansativa, obsssessiva, demorada.
A segunda vez que nasci voltei mais pragmático. Não perdi tempo com estudos, diversões ou bobagens em geral. Já voltei no meu foco: enriquecer e comer a Juliana paes da época. Não perdi um segundo. Com trinta anos já estava rico e já tinha comido umas 15 juliana paes da época. Fui um sucesso. Depois não sabia mais o que fazer, continuei enriquecendo, comi mais centenas de Julianas Paes da epóca, viciei em cocaína, morri de acidente de carro. Doidaço de ansiedade joguei o carro no poste. Nada me satisfazia. Por mais rico que eu ficasse sempre tinha alguma mulher que não queria dar para mim e algum dinheiro que era dos outros. Morri em protesto contra a vida.
A terceira vez que vivi já nasci meio tristinho. Não tinha mais vontade de ficar rico e percebi que não tinha como superar a morte. Virei filosofo sem livro publicado. Só pensava na morte e na inutilidade da vida. Passei a vida toda pensando que a vida não tinha sentido. E nem senti a vida passar. Não resisti para morrer, nem morri em protesto. Apenas me deixei morrer. Mas, na hora da morte, quando pensei que nada tinha sentido, eu curti a vida. Estava com febre alta, me deram uns remedios loucos e relaxei. Peguei um transe legal e curti minha passagem. Pela primeira vez eu sai de mim e tive um daqueles flash backs rememorativos. Tinha passado a vida ensimesmado em mim mesmo, mas na hora da morte revi vários momentos, percebi o sorriso de minha mae me olhando no berço, um momento poético de mau humor de meu pai (um fofo aquele coroa), uma professora da universidade meio gordinha me paquerando que nem reparei pois estava pensava na inutilidade da vida..Sei lá, mas de repente eu vi um monte de coisinha bonita que eu não tinha visto. Foi um presente. E não fiquei triste por não ter aproveitado. Apenas me senti um mané. Percebi bons momentos que tive e morri feliz de ver que a vida, no fundo, no fundo, podia ser gostosinha. Pela primeira vez desencarnei com leveza.
Foi uma morte ótima, cheia de esperança, sem o bruximo que me incomodou tanto em outras mortes, dormindo o sono dos justos, sonhando em voltar logo para a vida, para curtir todos os momentos, quem sabe plantar uma arvore, quem sabe publicar um livro, quem sabe gastar uma boa grana num ótimo jantar, quem sabe comer a Juliana paes da época com mais carinho e atenção e, quem sabe até, comer e casar com a professorinha gordinha de filosofia que me paquerar na próxima vida. Foi uma morte super gostosa.
E finalmente eu nasci feliz. Já cheguei curtindo a vida. Saquei que o negocio mesmo é agradecer o tempo todo. Se agradecer em todos momentos da vida, vai morrer tranquilo, mega agradecido, até já cansado de tanto agradecer. E percebi que para quem esta vivo o que vier já é lucro.

Primeira vez que eu morri


A primeira vez que eu morri foi a mais dramática.
Um belo tiro na boca, miolos espatifados colados no teto, carta de despedida “perdoando” a famíla para deixar todos culpados, tudo que eu tinha direito.
Inicialmente, meu plano parecia ter dado certo. Minha melodramática construção cênica da morte despertar o interesse do público. Eu aumentara meu IBOPE e por alguns dias fui o protagonista do filme multiplot de minha escola e família. Vendo tudo do alto, eu era feliz e até sabia. Exceto pela dor no queixo (mesmo sem ter corpo , eu sentia uma ligeira dor no queixo) eu vivia o filme que planejara e curtia a felicidade sádica dos grandes vingadores. Felicidade sádica? Bem... No fundo, no fundo, eu era infeliz e não sabia.
Mas como não sabia eu ainda era um homem sadicamente feliz. Homem? Bem sei lá. Eu era sadicamente feliz.
Mas aconteceu algo que eu não esperava: logo me esqueceram. Foi só chegar o carnaval que todos caíram no samba. Foi horrível. Eu ali, de negro, tentando assombrar meus amigos que me ignoraram e ex-namoradas que me abandonaram e eles todos vibrando alegria. Nunca me senti tão impotente. Nada é pior para um fantasma do que ser ignorada. É a morte. Até meu pai, que sempre foi ausente em minha vida, continuou ausente em minha morte. Apenas minha mãe sofria. Mas justo ela que sem pre me amou e não merecia isso. De repente me senti culpado e a dor que eu sentia no queixo subiu para toda cabeça e chegou ao peito. Meu coração chorava ao ver minha mãe chorando.
(Uma dica: quando for se suicidar escolha bem a data. Eu sei que você esta num transe interior, mas mesmo assim é importante saber dialogar com o mundo exterior. Afinal o suicídio é um evento externo a você. É o momento aonde seu drama interior é revelado ao mundo. É a estreia de seu melodrama de não aceitação. Por isso, tal como a estreia de um filme, você tem que escolher bem a data para não sofrer concorrências inusitadas. Um exemplo: nada de véspera de carnaval, melhor quarta feira de cinzas.)
Sofri muito até reencarnar. Reencarnei em um buraco qualquer, passei 3 vidas escolhendo famílias depressivas, mãe suicida, pai enlouquecido e empregos de funcionario público em repartição. Só para ir limpando. Foram varias encarnações melancólicas, sozinho, tentando aclamar a mim mesmo. E depois mais umas 4 encarnações vivendo perto de minha antiga mãe, tentando controlar o nervosismo e histeria dela, mostrar que estava tudo bem
Eu nem entendia muito bem, porque reencarnar, não conseguia ter forças para nada, mas também, não reclamava. Apenas vivia.
Dificil mesmo foi recuperar o prazer de viver. Agora, só hoje, eu pela primeira vezes em seculos, reparei em um flor. Era linda, amarela, e suas pétalas vibravam ao vendo. Não sei como nem porque, mas logo a seguir, reparei numa menina. Depois na grama, depois no vento, depois em tudo. Não sei como, mas pela primeira vez eu lembrei qual é a graça de viver. E a graça é olhar o mundo e agradecer a Deus por estar vivo.


SUPONDO QUE HÁ VIDA APÓS A MORTE


Como, exatamente como, um morto – que, na prática, esta vivendo a vida após a morte - pode tecerteza que ele está morto? De seu ponto de vista, aquilo não é a vida?
E ainda nessa lógica. Como um vivo pode saber se aquilo que ele vive não é a morte? Ou melhor, a vida após a morte.
Será que nós, os vivos, somos - na verdade - os mortos?”

Vida e Morte


A única coisa que tenho a dizer sobre a morte é que SOU CONTRA. Não concordo. Não posso concordar. Acho mal feito, feio, ruim.”

Em geral eu acho Deus um cara talentoso. Admiro sua obra, ele fez várias coisas legais. Mas não é perfeito. Ao menos para mim, ele não é perfeito. Prova disso é a morte que considero uma péssima solução dramatúrgica.”

De uma personagem niilista e consumista que reflete sobre a real importância do fútil: “Quem tem real consciência da morte sabe que só a morte importa." O resto é fútil. Como eu sou contra a morte, só me resta o fútil para ajudar a esquecê-la. Seja o fútil que for, da tudo na mesma”.

Há quem considere um absurdo existir vida após a morte. Eu concordo. Assim como é um absurdo existir vida antes da morte.”

Sei que a história tem que andar e as coisas têm que transformar e tal. Tá certo, eu sei... O show tem que continuar. Mas Deus podia ter dado uma solução diferente. Podia ao menos ter dado a absoluta certeza a todos os personagens que a vida continua após a morte. Mas não. Ele faz questão de deixar nos prender pelo suspense, de não deixar a mínima dica sobre como será o próximo capítulo. Nada, nadinha. Só para testar o público. É louco isso de sermos personagens e público ao mesmo tempo. Sei que enquanto publico isso de não saber o desfecho fica mais interessante, o filme fica mais emocionante. Mas enquanto personagem eu discordo, é muita expectativa, eu sofro demais. Acho que ele podia ser mais humano com seus atores personagens. É por isso que eu diga: Hay muerte? Sou contra!”

E cá entre nós vida e morte, aliás, são coisinhas bem absurdas.”
Mas não acho mais absurdo existir vida após a morte do que antes da morte. E absurdo por absurdo... Eu escolho o que quiser.”
Estou cada vez mais convencido: a consciência e a presença da morte é fundamental para aproveitar bem a vida!”

Um único exemplo: imagina se toda vez que eu fosse falar eu tratasse essa fala com a importância das "últimas palavras". Não falaria mais bobagem nunca. ”

O perigo de pensar na morte é você ficar ansioso e querer aproveitar a vida. Aí fica tudo muito tenso, rápido, cansativo... Nada mais chato do que estar ansioso para se divertir.”.

O legal é que na grande maioria dos momentos da vida, NA GRANDE MAIORIA MESMO, você NÃO morre! “

Você só morrerá por um segundinho. E lá na frente. Até o momento da morte esta ganhando esse jogo. E de goleada. Pensar na morte nos faz perceber a vitória da vida”

Por isso na hora h mesmo, na hora da morte, você podia ser mais tolerante com a dita cuja.”
Eu sei que o seu time é o da Vida. Sempre foi e sempre será. A morte é o antagonista. Mas pense bem: o seu time esta ganhando de goleada. Oque que tem a morte fazer um golzinho?”
Além disso, há quem diga que logo após o golzinho da morte a vida reassume o controle do jogo. E começa outra vida!”
Bem esta bom... concordo. Isso é fé, não dá para garantir.”

Mas ok. Não podemos provar que existe vida após a morte. Mas uma coisa é certo: não deve haver morte depois da morte. Ao menos não logo em seguida. Acho estranho imaginar que logo depois de morrer eu morrerei de novo. No mínimo um tempinho eu estaria vivo.”
Então, de toda forma, a vida sempre ganha de goleada! A morte é um segundinho e a vida mais curtinha que existe são várias milhares de segundinhos. Oba! A vida arrasa. Estamos torcendo pelo time certo.”

Tendo consciência da vitória da vida sobre a morte você supera a ansiedade chata de "aproveitar a vida". Mas continua valorizando cada instante dela. ”


Você só chega à iluminação através da consciência da morte. Aliás, o que é a meditação além de uma morte em vida?”.

Um dia todo homem cederá a uma força maior. Esse dia chega logo de cara. Ele tranquilão, curtindo a placenta e de repente, tem que nascer. Depois continua cedendo. Cede ao pai, à mãe, a professora, a namorada, ao filho adolescente, ao chefe, e finalmente, cedera ao maior de todos. Um dia todo homem terá que ceder ao maioral, ao maior de todos, terá que relaxar e deixar se dissolver. Morrer, é o nome que costumamos dar. Quanto antes ceder ao maioral melhor. Para ceder é só meditar e entrar no fluxo. Mas tem gente que só cede no suspiro final. Sofre mais. Morrer é invasão, dissolução do eu. Uma visão politicamente incorreta da morte poderia dizer: se o estupro é inevitável, relaxa e goza!”

Há algumas coisas que eu levo tão a serio que o único jeito de lidar com elas é brincando. A morte é uma delas, mas não a única.”
Acho que o certo é tratar tudo como trato a morte. Levar tudo muito a serio e, portanto, brincar com tudo. Isso é perceber a morte cotidiana.”

Às vezes eu percebo que a morte eu levo super a sério. Já a vida, eu não estou nem aí. Preciso aprender a levar a vida mais a sério.”

Deve ser porque a morte é um acontecimento único. Se fosse um roteiro, seria um ponto de virada. Já a vida é um monte de cena cotidiana.”

Perguntas para espiritas iniciantes: depois que você morre, seu pai continua sendo seu pai? Quantos pais devo ter então? Haja. Se um já é chato...”

Ou, na verdade, mesmo no mundo astral não existe isso de famílias? É tudo tipo aquelas nuvens do google, as nuvens de relacionamento.”

Criar dramaticidade para a morte é algo muito burro. Afinal não existe chance de não acontecer. Sendo assim, melhor tirar o drama.”

Os ateus são umas gracinhas aos olhos de Deus


Se deus existe ele deve achar os ateus umas gracinhas, uns fofinhos.
Não é uma gracinha a bactéria que afirma não acreditar na existência do homem que esta prestes a tomar antibiótico?
Já os crentes Deus deve achar uns chatos, uns carentes. O crente para Deus deve ser tipo um cachorrinho solitário que fica em casa latindo pelos cantos, suplicando pela atenção e pela volta do dono, um executivo mega ocupado que nunca volta.
E Deus, ocupado como é, não deve nem saber da briga eterna entre o cachorrinho crente e o cachorrinho ateu, que já cansou de esperar a aparição do dono e passa a vida a fazer cálculos matemáticos solitários para tentar convencer o esperançoso cachorrinho crente que o "dono esta morto" ou de que o "dono não existe".
Feliz mesmo são s cachorrinhos que nem pensam nisso de "dono" e passam a vida a curtir a maravilhosa decoração da casa, presente que o dono lhes deu.

Verdade e Fé


A verdade mesmo é que nenhum de nós tem a mínima ideia do que está realmente acontecendo.”
Uma humanidade que não acredita em nada além da humanidade deixou de ser humana.”
Eu acredito em coisas absurdas, tais como Deus, eu, Big Bang, Gênesis, vida após a morte, vida antes da morte, vida, etc...”
Por que Deus criou o mundo? Só para testar os humanos? Deus seria tipo o Pedro Bial no Big Brother?”
O mandamento "Amar a Deus sobre todas as coisas" poderia ser escrito como: "Amar, antes de tudo, todas as coisas!". Pois Deus é todas as coisas.”
Não existem graus de fé. Fé é zero ou um. É álgebra booleana. Ou a pessoa tem fé. Ou não tem fé.”
Só existe um delírio realmente delirante: acreditar que o delírio alheio é apenas um delírio.”
As doutrinas (matemáticas, religiosas, fábulas, etc..) são ficções que inventamos para equacionar algumas variáveis do mundo.”
Se você realmente acreditar que uma parte da verdade exclui todas as outras, você corre o risco de virar um fanático.”
Cada religião tem uma crença diferente, muitas contraditórias. Podemos acreditar que todas são falsas. Mas eu prefiro acreditar que todas são parte da verdade.”
Se auto-emburrecer para ter fé é muito fácil. É fácil acreditar num deus construído como um personagem humano. O difícil é acreditar em Deus admitindo que você não tem a mínima ideia do que se trata. Essa é a verdadeira fé.”
O objetivo é ter fé de que está tudo certo, mesmo sem ter a mínima ideia do que está realmente acontecendo.”
Acreditar em Deus é acreditar que está tudo certo. É acreditar que todas as coisas que você fez na vida tiveram significado.”

AMOR


O mandamento do Amor

Fiquei pensando no primeiro mandamento: amar ao próximo como a si mesmo. Será que é suficiente? Lembrei de assassinos suicidas. Os caras acham a vida uma merda, matam um monte e se matam. Amaram o próximo como a si mesmo: nada!!! Acho que tem que melhorar o texto e parar de considerar óbvio o fato das pessoas amarem a si mesmo. Pois nao é. Tem que desmembrar em dois mandamentos:

1 - Amar a si mesmo
2 - Amar ao próximo como a si mesmo

E sobre "e a Deus sobre todas as coisas". Também acho estranho. Deus é todas as coisas. Amar a Deus mais que as coisas não faz muito sentido para mim. Mas acho que entendi o sentido. É tipo assim: amar todas as coisas mais do que as coisas em particular. Se for por aí, concordo.

O perdão de Deus
Estou convencido que Deus NÃO perdoa. Ele nao perdoa por um único motivo: ele não fica bravo! Quem perdoa é gente irritada, como eu. Quem perdoa é agiota que perdoa dívida. Deus não perdoa pois ele nao quer cobrar a dívida. Quem vive no amor eterno sequer perdoa, pois acredita que está tudo certo.

Está tudo certo
Está sempre tudo certo. Até quando a coisa está errada ela, no fundo, está certa! A única coisa errada sou EU achando que a coisa não está certa. Mas EU também não sou tão importante assim para ser a única coisa errada do mundo. Então até eu errando está tudo certo. Cosmicamente falando, tudo certo. O que não impede da coisa estar errada do meu limitadíssimo ponto vista pessoal. É por isso que eu tenho vontade de corrigir meu erro de não perceber que não existe erro algum. Peço perdao por todos os momentos nos quais tive crise de fé e não percebi que está sempre tudo certo.

Pensatas:
“Quero um grande amor. Mas um grande amor que comece pequeno. E seja construído aos poucos, um tijolinho de cada vez.”
“Quero um grande amor. Mas um grande amor cheio de pequenos momentos.”
“A única chance que existe de um relacionamento dar certo para sempre é não pensar nisso nunca.”
“Eu te amo significa: nós dois nos bastamos. Não. Não nos bastamos”
“O legal é uma mulher para entrar junto e conhecer o mundo, não para nos autoexcluir do mundo.”
“O legal é uma mulher seja sua parceira na caminhada para chegar ao amor incondicional, no amor por todos.”
“Uma dica amorosa: quando encontrar uma alma gêmea, diferencie-se. Rapidamente, diferencie-se.”
“Se você achar que alguém é sua alma gêmea fique atento: é fria, engano, obsessão. Deus sempre perde a fôrma (do bolo) e é criativo demais para criar dois iguais”.
“Além disso, cá entre nós, você que se conhece sabe muito bem: você não é tão legal assim para Deus querer criar dois você.”

A transmutação começa com a aceitação


Se você quer curar uma doença, tem que começar aceitando-a.
Se você quer emagrecer tem que aceitar a gordura.
Se quer enriquecer tem que aceitar a miséria.
E aceitar sem julgamento, eu diria até, aceitar com certo carinho.
A transformação começa após o perdão.
Humildade é tudo. Mas sem autoestima não dá para ser humilde. Quem não tem autoestima vira arrogante. Esta cheio de pessoa arrogante que se considera o mais humilde do mundo. Autoestima é se sentir legal. Arrogância é se sentir melhor que os outros.

Livre Arbítrio


O homem tem total livre arbítrio para seguir o caminho que deus lhe reservou.
O difícil é saber qual é o caminho.
Mas não pensem que sou determinista. O homem tem livre arbítrio para escolher não seguir o caminho que deus lhe reservou e pode ficar vagando livremente pelo mundo.
O livre arbítrio existe para você concordar ou não com o destino superior. E antes de concordar tem que ouvir o que já é difícil.
Deus podia até nos obrigar a seguir o caminho certo, tal como acontece com amebas inconscientes. Mas seria chato. Ele quer que a gente participe. Obrigado. Juro que vou tentar ouvir.

O Sentido da Vida


Considerando a hipótese (bastante razoável, admito) de que a vida não faz nenhum sentido. Nesse caso, o que nos resta fazer? Inventar um, uai!
A vida pode até não fazer sentido algum, mas umas coisa é certa: o ser humano é craque em inventar sentidos para a vida. Eu mesmo já inventei uns cinco. Vire e mexe eu mudo. Todos inventam. Quem é menos criativo pode ir a uma livraria e encontrar centenas de "sentidos para a vida" prontinhos para o uso. É super tranquilo e vende a preços módicos. Só não encontra um sentido quem realmente não quer.
Ou quem tem a piração "da verdade". A tal da "verdade". Não entendo isso.
Não é porque alguma coisa é falsa que vou deixar de acreditar nela.
Nada a ver. Eu sou livre, acredito no que quiser, não fico preso a tal da ”verdade".
Não sei por que lembrei agora de meu pai. Ele tem essa pira da verdade.
Lembro que ele adorava filmes do Rambo até o dia que percebeu, após anos e anos assistindo, que não tem nenhum sentido aquelas balas que batem no chão enquanto o herói foge delas. Porque as balas bateriam no chão? Eles podem até errar o alvo, mas não cairiam no chão e, muito menos, logo atrás do herói. Obvio, mas ele nunca tinha pensado nisso.
Ele acreditava.
Quando percebeu esse "erro" ele parou de ver os filmes de guerra: "é muita bobagem!”, disse ele. Ele quer algo de verdade.
Deve ser por isso que nunca conseguiu acreditar "de verdade" em nenhuma religião "de mentira" e, por isso, que esta tão sem crença aos oitenta anos. Ele foi prisioneiro da verdade. Eu prefiro me libertar disso.
A vida pode ser assistida tal como eu assisto a um filme do Rambo. Eu tenho o poder de acreditar na convenção que eu quiser. Para ser preciso a vida parece um imenso e infinito conjunto de salas multiplex aonde vários filmes paralelos são exibidos simultaneamente. Cada um de nós escolhe assistir e participar do filme que quiser. Pode ser um drama familiar, uma disputa empresarial, um filme de herói solitário, um musical. Você escolhe e vai entrando no filme que escolher.
Basta escolher bem o filme que terás uma boa vida. Às vezes o filme vai nuns rumos que você não gosta, mas aí você vai refazendo e, se necessário, troca de sala.
E vai levando.
É claro que, dirá um leitor mais espertinho, o filme do Rambo não mata.
Se eu for para a guerra achando que a vida é um filme do Rambo a bala não vai bater no chão e vou virar peneira na primeira ação heroica. Por isso, dirá o leitor mais científico, eu tenho que acreditar na "verdade".
É... Tem certo sentido, admito... Mas isso é meio obvio: só vou escolher acreditar no filme que eu for feliz e não virar peneira. Não vou escolher uma crença (ou uma filosofia, uma religião) que me destrua... Tem uns que escolhem e explodem como uma bomba. Escolha deles. Eu acho meio burro e egocêntrico, coisa de quem quer ser protagonista de filme épico e tragédia grega. É escolha do cara, fazer o que... Vou só tentar impedir ou tentar ficar longe para ele não atrapalhar minha linda comedia romântica com o egocentrismo dele.
Mas eu não vou entrar nessa. Como não existe verdade eu posso escolher a verdade que eu quiser. Como eu sou livre vou escolher uma verdade bem legal. Se eu não gostar de nenhuma verdade disponível no circuito multiplex da criação ainda posso inventar uma própria e botar em cartaz. Para não ser autista eu posso lançar uma verdade e tentar conquistar meu próprio público. Sei lá, faça o que quiser. Mas não ter verdade alguma é super chato. No caso da vida é ainda mais chato que no filme do Rambo, pois na vida você não tem nem como desligar a televisão e ir brincar no parque. Ou tem, mas é tipo homem bomba e você não sabe o que terá depois. Melhor garantir o que tem. Você sempre pode trocar de canal até achar um filme que curta, mas se você não escolher verdade alguma ficará tipo aqueles públicos que ficam vendo filme só para criticar os pequenos erros de continuidade...
Acho chato. Prefiro acreditar na história e me divertir.
Resumindo, não vou deixar de acreditar no que quero acreditar apenas porque não é verdadeiro. Eu sou livre e acredito no que quiser e no que me fizer bem.

O ex-ufólogo!


Foram anos e anos de fé.
Veja essa foto. O que vocês veem?
Um borrão, certo?
Hoje eu vejo só isso. Mas por anos e anos olhei em borrões como esse e concluía: HÁ VIDA FORA DA TERRA!
São aliens, extra terrestres.
Eu era um ufólogo!
Admito que foram anos felizes, de fé, esperança. Meu cotidiano depressivo de pequeno funcionário ganhou novo significado. Eu olhava para aquele chefe chato e pensava: mal sabe você que há vida fora da terra!
Nada era chato para mim...
Mas os anos foram passando e a ufologia virou um vício. Eram fotos e mais fotos, borrões e borrões, encontros noturnos cada vais mais longe para encontrar os aliens. E nada. Nada.
Para mim que é bom, nada...
Tive muitos amigos abduzidos, alguns por dias!!!
Outros foram até mesmo... Desculpe o termo... Violentados.. Estuprados... Violentamente estuprados. Os aliens fizeram EXPERIÊNCIAS com eles!
Mas para mim nada!!
Nem uma abduçãozinha básica eu tive o prazer de ter.
Era só foto de borrão para aqui, foto de borrão para ali, nem um contatozinho de segundo grau com outra ufóloga gordinha eu consegui.
Fui ficando revoltado, rancoroso.
E cada vez mais obcecado pela ideia de ser abduzido.
Cheguei ao fundo do poço, larguei o trabalho, mudei para o meio do mato, usei drogas e finalmente, pela primeira vez, vi um borrão ao vivo no céu... Achei que ele ia descer até mim, me abduzir, mas... na hora agá... Passou o efeito. Foi só ilusão.
Hoje superei meu vício e sou um novo homem. Meu nome é João o e faz 4 anos, 3 meses e 10 dias que eu olho borrões em fotos e não concluo tratar-se da prova irrefutável de vida fora da Terra.
Eu sou um ex-ufólogo assumido.
Não acredito em mais nada e quando olho para meu chefe não fico pensando em aliens. Nem chefe eu tenho mais, minha vida mudou. Foquei na matéria, destruí colegas de trabalho e ganhei um cargo de chefia! Comprei minha casa e meu carro. Meu carro!!
Hoje eu posso dizer: sou um vencedor!!!
Mas cá entre nós eu admito: eu trocava tudo isso por um contatozinho imediato com um aliens barato numa esquina qualquer do cosmos.

Fanático Religioso


Era uma vez um fanático religioso que matou um outro fanático religioso por motivos religiosos. Isso não podia ficar assim e para dar um basta nisso um fanático ateu anti-fanatismo religioso iniciou uma fanática campanha de combate ao fanatismo religioso. Mas isso era injusto, pois nem todos religiosos são fanáticos. Foi assim que um homem religioso não fanático começou a defender fanaticamente o fato de que nem todos religiosos são fanáticos. Ele passava seus exterminando todos os fanáticos que nao concordavam com o fato de que nem todos religiosos são fanáticos. Ao final, todos os fanáticos morreram. Todos em guerra. Todos de velhice.

A onda sonora de LUZ ilumina


LUZ era um homem cuja realidade se resumia a batalha para superar "o mundo da ilusão".
Foi assim que LUZ passou a vida toda preso na ilusão de que estar superando a i-lus-ão.
A ilusão de LUZ era a sombria realidade do mundo material. Mesmo encarnado ele vivia a ilusão de vencer a matéria. LUZ não curtia Jesus e jamais poria no carro o adesivo "100% Jesus". Carro até vai. Mas carro com Adesivo é muita matéria para o gosto do Luz. Mas, mesmo sem adesivo, o sonho oculto de LUZ era um dia ser “ 100% LUZ”.
Um ex-amigo bebâdo, sábio e sombrio cruzou com LUZ na rua e disse: "Quer virar luz? De um tiro no ouvido!!!".
Mas LUZ não ouviu esse som. Iludido pela luz, LUZ não ouvia sons oriundos da sombra. Luz na verdade, não ouvia som algum. Quando muito, a própria voz.
É que Luz era muito humilde. Tão humilde que ficou dominado pela arrogância típica das pessoas que se auto-definem humildes. E foi assim que não percebeu a realidade dita pelo sombrio corpo material do sábio ex-amigo bêbado dominado pela ilusão.
LUZ ficou sozinho por muitos e muitos anos. Sozinho e arrogante. Com tristeza galopante, LUZ ficou sombrio.
Até que no auge da escuridão a luz finalmente chegou. E veio na forma de som.
Começou com uma mudança sutil em sua material corda vocal.
Há anos o LUZ falava sozinho. Era uma prática oculta: a busca da retórica perfeita com a oralidade ideal. Ele sabia que a voz é música e a música é a mais espiritual das artes. E quando menos esperava, quando já estava nas profundezas de suas sombras, chegou uma luz. E com ela a grande mudança: a voz de Luz alcançou o exato tom iluminado.
Luz sempre falara pausado. Mas antes seu tom era apenas chato. Agora sua corda vocal, numa mutação iluminadíssima, desenvolvera uma técnica que dava a impressão que sua voz vinha de longe. De trás. Do alto. Sublime e avante. A voz de LUZ era etérea. O som de LUZ era um som sagrado.
Mas era apenas uma sutil mudança vibratória em sua material corda vocal.
A voz de LUZ causou impacto. Quando Luz falava, seu corpo era como um boneco de ventríloquo, controlado pela luz do iluminado espírito do LUZ. A voz parecia vir de longe, direto da luz até o som, sem se contaminar pela sombria matéria material. Luz não precisava nem mexer a boca, esse tão carnal aparelho sonoro.
Logo LUZ ganhou adeptos. Quando LUZ falava o seu público - que odiava seus próprios degradados corpinhos materiais - vibrava em silêncio respeitoso. De etéreo balão solitário a flanar na ilusão de criticar ilusoriamente o "mundo da ilusão" material, LUZ finalmente, virou uma luz que ilumina. O sucesso foi tanto que LUZ falava em grandes palcos materiais super iluminados por grandes holofotes materiais, para uma imensa platéia de sombrios corpos humanos materiais encarnados que – a procura da própria iluminação e do próprio desapego da matéria - iam ouvir os sons emitidos por LUZ. Ninguém ligava muito para o conteúdo por trás do som, era o mesmo de sempre. O que colava mesmo era voz do LUZ. Ou como disse um fã mais heavy, ainda em início de conversão: “o cara faz um mega som iluminado”.
E foi assim, emitindo sons iluminados, que o corpinho material de LUZ conseguiu, finalmente, ser feliz na parte sombria da matéria. Está certo que LUZ evitava sorrir, pois “seria carnal demais”. Mas era feliz. Quando ele menos percebeu, estava realmente iluminado. Feliz, pleno.
Combater "o mundo material da ilusão" virou uma realidade material. E LUZ chegou a iluminação devido a sua material corda vocal que emitia uma sonora onda espiritual.
Ou como já disseram em algum lugar sagrado: no princípio era o verbo.

Moral da história
Ilusão que só ilude só, é só ilusão que se ilude só. Mas ilusão que nos ilude junto, é realidade.
Nem se essa ilusão for a ilusão de “combater a ilusão.

Final dos Tempos: Senhor Fome


Um pônei gordo entra formal e começa a dizer:
"Eu sou o Senhor Fome e sou um dos quatro cavalinhos do apocalipse. Eu sou um pônei esfomeado. Sou gordo por precaução. O que eu quero é segurança.
Eu morro de medo da morte e, por isso, me aliei a ela. Sou seu fiel discípulo. Eu odeio batalhas e, por isso, optei por viver ao lado do Senhor Guerra. Afinal, numa guerra o lugar mais seguro é a cabana do General.
Eu morro de medo de morrer de peste e, por isso, prefiro ter a peste sempre por perto. É mais seguro ter a doença dentro de mim controlada por médicos de minha confiança do que ter ela solta por aí, podendo me atacar.
Eu sou um pônei precavido e busco segurança e estabilidade. Sou gordo para ser mais firme. Sou um verdadeiro peso. Eu como muito pois gosto de acumular estoques. Roubo muito para garantir minha velhice. Foi assim que virei ministro do Senhor Guerra. Minha tarefa é organizar as festas.. Tem gente que diz que sou mordomo, outros secretário particular. É mentira. Sou o ministro da cultura, do entretenimento e da culinária.
Eu sou a Fome e minha fome é eterna e insaciável. Como, pois quero ter tudo dentro de mim: casa, grana, mulheres, discursos, falas, falos, netos, etc...
Eu sou um pai de família. Adoro meus netos e não vejo a hora de conhecer todos eles pessoalmente. Adoro minha esposa. Todas elas. Esta certo que tem algumas que eu não vejo a décadas, mas ainda as tenho em meu coração. E em minha masmorra. Todas elas. Tudo por amor. É que eu adoro coleções. Amo mesmo. Tenho coleção de tudo.
Mas de todas as minhas coleções a que eu mais gosto é a de rótulos de cerveja. Esposas, por exemplo, vem apenas em quatro ou cinco cores. Se você quiser outras cores tem que customizar e sempre sai a tinta depois do banho. Já os rótulos de cerveja tem uma variedade imensa. São lindos, coloridos, charmosos, interessantes, viajados.. Me dá fome só em pensar. Na próxima encarnação se eu puder escolher, vou nascer rótulo de cerveja.
Eu gosto tanto das coisas que , se eu pudesse escolher, nem entraria nessa de ser Cavalinho do Apocalipse. Esta certo, eu sei.. Foi o emprego que pintou. E é seguro, estável.. Se tem algo que nunca falta no mercado de trabalho é o setor de destruição. É uma regra da natureza..
Mas eu não sou como o Senhor Guerra e o “Prazer pela destruição não é o primeiro do meu coração”. Ainda prefiro a deglutição.
É, por isso que, enquanto os outros cavalinhos apenas destroem, eu sigo outro caminho. Sempre que possível eu traço, como, me alimento. Só a antropofagia nos une e eu prego a união. Como tudo: mulheres , crianças, arvores, até mesmo rótulos de cerveja (desde que sejam rótulos que eu já tenha em minha coleção). É o melhor que posso fazer para ajudar essa gente. Quem quiser ser parte de mim será bem vindo. Garanto uma vida de prazeres eternos e fome insaciável.

Final dos Tempos: Guerra


Um pequeno pônei com roupa de Napoleão, super formal e meio noiado começa a explicar suas origens:
Tem gente que pensa que sou o líder.” Mas sou apenas um soldado a serviço da causa. Gosto de batalhar por um ideal. A vida é isso afinal.
Sou um guerreiro e não perdi tempo como filosofia. Preferi estudar as artes da guerra, a estratégia da vitória absoluta, as maneiras de conseguir a eterna destruição completa do inimigo. Eu só não tinha claro quem era o inimigo.
Ainda jovem eu estava pronto para uma grande batalha. Só faltava o ideal para lutar.
Como sou um homem prático e não perco tempo com filosofia, eu não tive tempo de formar meu próprio ideal. Mas isso é algo fácil de resolver, tem muito ideal disponível para comprar no mercado.
Encontrei minha ideóloga ideal na Morte. Acho lindo aquela busca da perfeição absoluta. O que mais gostei na filosofia dela é que ela pensa grande, não se prende a fraquezas humanistas pequeno-burguesas e assistencialistas. A morte é uma cavalinha pragmática e topa tudo para alcançar nosso objetivo final de chegar ao final definitivo.
O Peste e o Fome são meus dois ministros, meus braços-direitos. Eu curto o Peste, ele é quem me anima, é quem me faz acreditar na morte, é quem me tira da depressão nos momentos mais difíceis. O Peste tem aquele saudável frescor do homem rancoroso. E, como todos sabem, é a vontade de vingança que move o mundo (basta ver as novelas, do conde de monte cristo as novelas atuais).
Já no Fome eu encontrei o medroso ideal, o vendido ideal, o executivo ideal, o meu braço direito. O medo é outra força motriz do mundo e o Fome é quem faz o meio campo necessário entre a grandeza do Guerra (eu, mesmo, aplausos, por favor) e os gordos burgueses assustados que financiam a compra de nossas armas.
Nós somos os 4 Cavalinhos do Apocalipse e nosso destino final é difundir o caos primordial. Prometemos superar limites indo mais longe do que ninguém jamais foi em matéria de destruição e tragédia, concluindo o trabalho inconcluso dos pequenos pôneis meus antepassados, como vovô Napoleão Cavalinho e Titio Hitler Cavalinho. Aguarde pois você ainda vai ouvir falar de nós.

Final dos Tempos: Morte


Uma pequena pônei, muita magra e com roupas negras começa a falar, tentando sorrir:
Oi... Tudo bem com vocês? Meu nome é Morte e sou um dos Quatro Cavalinhos do Apocalipse. Sei que você deve estar pensando: “Mas a morte é apenas um Pequeno Pônei!”. Pois eu que vos escuto vos digo: “NÃO PENSE NISSO SEU CRETINO POIS PENSAR NISSO SERÁ SUA MORTE”... ...
Depois de gritar a morte da uma risadinha leve e continua:
Curtiu? Curte vai. Eu tenho até uma pagina no face book só minha. Curte vai...”
E depois grita de novo:
PEQUENO PONEI É O CARALHO! QUER MORRER PLAYBOY!”
A Morte ri de novo, falsa tímida.
Gente, vocês não ligam né? É que eu sou assim mesmo. Bipolar e odeio pôneis deformados, eles me lembram anões defeituosos. Odeio...
Mas sou assim mesmo... Bipolar. Posso ser delicada como a morte dormindo ou violenta como a morte em batalha. Você é quem sabe.
Em geral, seu só quero é levar minha vida, mas como eu mesma sou a morte às vezes fica meio difícil, né? Vocês me entendem, não?
No fundo , no fundo, eu...
( nessa hora entra um funk pesado e a morte canta como funkeira maluca)
EU SÓ QUERO É SER FELIZ... DESFILAR TRANQUILAMENTE NA PASSARELA QUE EU CRESCI”.
(depois ela sorri de novo, tranquila. Silencio. Ela continua).
Eu nao sei se vocês notaram mas eu de formação mesmo sou modelo. Já foi até modelo e manequim, mas hoje só modelo. Eu cresci na passarela.
(ela da uma voltinha mostrando a roupa inteira preta)
E adoro preto. Em roupa, claro. Pois odeio gente deformada.
Eu sempre fui perfeita. Foi destaque júnior de minha escola, aos 8 aos eu já era modelo, aos 12 mudei sozinha para o Japão para sustentar minha família de deformados, coitados. Amo eles, sabe... Mas são todos meio gordinhos, deformados. Eu não. Sou perfeita. Perfeita!
Aos 13 apresentei programa infantil mas foi só duas vezes em canal comunitário. Tive dificuldade com passarela pois diziam que eu era baixinha, filhos do puta. Por isso passei um tempo doente e quando voltei, aos 16, eu além de baixa já era velha para o trabalho. Mas como sou perfeita e continuei batalhando, até hoje, as vezes , consigo um teste aqui e outro ali e, mesmo não estando em atividade, mantenho minha eterna busca da perfeição.
É por isso que eu não como. E quando como, eu vomito. É para ser perfeita.
Tem uns caras que falam que isso é uma doença e que vai me levar a morte. Mas e dai? Eu já sou a Morte! Prefiro um morto perfeito do que um vivo deformado.
Mas em uma coisa eu não era assim tão perfeita Eu era muito egocêntrica. Só pensava em mim e na minha família de gordinhos defeituosos.
Foi o Senhor Guerra quem me ensinou a ser generosa, quem me despertou a consciência social, e me engajou na causa pública. Foi assim que me tornei um dos Quatro Cavalinhos do Apocalipse.
Hoje, o bem que quero para mim eu desejo a todos meus irmãos. A todos eu desejo a MORTE. Especialmente aos coitadinhos dos deformados. Eu superei o egocentrismo e a todos eu desejo eu mesma.

Final dos Tempos: A Peste


Desde criança mamãe me dizia:
Menino você é uma peste”
Na escola também, a professora gostosinha dizia:
˜Menino , você é uma peste”
Meus colegas, assépticos e hipocondríacos, viviam com medo de mim
Sai para lá... Peste. Empestiado"
Foi assim que a solidão foi corroendo meu peito. Afinal, eu sou peste, mas também sou filho de deus. Não aguentava mais ser excluído pelos colegas
Meus únicos amigos eram a morte, uma menina gótica meio gordinha e super depressiva. E a Fome, uma outra maluca noiada que tinha um ideal de beleza absoluta e pregava a fome ampla geral e irrestrita.
Éramos a turma do fundão e nosso líder era o Senhor Guerra, um garoto megalomaníaco que queria conquistar o mundo.
Como vivíamos isolados e não tínhamos muito que fazer e precisávamos de algum motivo para viver começamos a ouvir as ideias do senhor guerra.
Ele ficava botando ideias malucas em nossa cabeça, ideias que colava para cada um de nos.
Para a morte ele dizia que a vida não faz sentido. E que o melhor que podia fazer é matar os humanos
Para a Fome o Senhor Guerra era quase um nazista. Dizia que as pessoas são muito imperfeitas e que temos que aperfeiçoar a espécie exterminando os quilinhos – e os gordinhos – excedentes. A fome vibrava em seu ideal de perfeição absoluta.
E para mim ele trabalhava com meu rancor. Eu que fui considerado uma peste a vida toda agora podia empestear a todos, contaminar a todos, foder a todos...
Fui aos poucos entrando nessa...
Fomos crescendo e ganhando estatura e convicção. Compramos cavalos para nos dar poder. Arrumamos uns instrumentos simbólicos
Começamos a planejar o nosso dia, o dia do apocalipse!

No princípio: A verdadeira história de Adão e Eva


Era seu último dia de trabalho, véspera do feriado eterno que ele mesmo se presenteara. Deus já tinha feito o cosmos, a lua, as estrelas, a terra e o mar. Também tinha feito os bichos, as moscas, as bactérias e até o ornitorrinco. Mas ele sentia falto de algo mais. Deus sentia que suas ferias teriam muita contemplação da natureza, muito lirismo lindo, tudo azul. Deus, safo como era, viu que podia ser muito chato passar a eternidade apenas observando aquele imenso mundo, como se a vida fosse uma eterna exibição de documentários naturalistas do Animal Planet. Deus sentia falta de um drama, uma novelinha básica das oito, um melodrama. Foi tentando conversar com um macaco peludo que Deus teve a idéia: bem que esse macaquinho podia falar, né? Deus riu de sua própria piada. Imagina uma macaco falante, rsrs.. Mas ousado como era Deus decidiu correr o risco e ver no que ia dar. Foi assim que surgiu Adão. E Eva. Mal sabia Deus o destino que lhe esperava.
Sim! Adão e Eva surgiram juntos, ao mesmo tempo. Fazia uns dias já, desde logo após as amebas, que Deus inventara os animais em dupla. E inventara o sexo. Deus gostou da ideia e adotou o sexo como padrão a partir dali. Pois, convenhamos: ver um sexo animal era bem mais divertido do que ver bolinhas moles se dividindo sozinhas!
Mas a criação de Adão e Eva logo virou um problema. Esta certo que eles falavam, mas falavam o tempo todo. E eram meio chatos, repetitivos. Adão entrou numas de contemplação Riponga e saiu saltitante pelo campo maravilhado com as belezas da criação. As vezes voltava com uma flor na mão, uma minhoca sua nova melhor amiga, um celular conectado no face book.. Tudo para Adão era divino. Deus ficou até meio preocupado com essa toda essa animação saltitante e chegou a pensar: filho meu tem que ser macho!”. Mas tolerante como era logo desistiu de ações repressivas com seu saltitante macaco falante.
Com Eva era pior. Ela vivia reclamando da decoração: “Que papo é esse da água ser incolor inodora e insípida? Odeio coisa insipida, que horror..”. “E aquela sacada lá? “, disse Eva apontando ao monte Everest. “Não dá para fazer mais baixa não? A vista é boa, mas só maluco para subir lá”. E a pior, a queixa que deus realmente magoou: “Mas afinal..Quem é o decorador dessa joça?”. Era tanta reclamação que Deus sentiu pela primeira vez o peso de ser homem. Homem casado. Tanto que, na outra vez que veio a terra bilhões de anos depois, Deus optou por ser solteiro. Mas isso é outra história.
O fato é que era véspera do feriado eterno e Deus tinha pouco tempo para consertar aquela coisa toda. Ele começara a ver que, com Eva reclamando como louca, a vida no paraíso seria um inferno. Eva queria tanta atenção que nem contemplar os animaizinhos tranquilo Deus podia mais. Para Deus, que já já iria partir dali, o Paraíso seria um péssimo canal televisivo para ele sintonizar nas ferias eternas que ele tanto planejara. Todo seu esforço de 6 dias seria em vão. E Deus pela primeira vez na vida eterna chegou a pensar: dessa vez fui longe demais!
Foi então que Deus decidiu radicalizar. Quando Eva falou da decoração ele ficou tão furioso que pensou: e se eu desse consciência para essa mulher?”. Era uma idéia maluca, nunca nenhum outro Deus no mundo fez isso e o próprio Deus logo se censurou. E entrou num longo monologo interior: Afinal , seria muito cruel dar consciência a um serzinho tão insignificante quando Eva. Imagina ela sabendo que existe morte? Não coitada, não ia aguentar. Tá certo que consciência também tem umas coisas legais, admito. Mas ela não merece. Ou merece? O que é que tem ter mais gente consciente além de mim? Não será egoísmo meu ser o único consciente em todo o cosmos? Isso pegou para Deus. Espiritualizado como era Deus praticava o desapego de seu ego e achou que seria justo compartilhar com alguém. E continuou: Mas será que eles suportam?”. Foi bem nessa hora que Eva parou na frente de Deus e começou a criticar sua barba.. “Muito grande essa barbicha, hem? Está na hora de dar uma aparada. Com essa autoimagem e com esse portfolio horrível que você chama de Paraíso não vai conseguir mais trabalho de decorador”, disse ela, irônica como uma cobra. “E depois vai vir aqui, pedir ajuda para mamãe”. Foi a gota dágua. Novamente furioso Deus concluiu que pior do que esta não fica e que essa Eva merecia a consciência. Merecia nos dois sentidos, o bom de ter merecimento, e o ruim de “essa muié merece”.
Foi assim que ele decidiu dar a Eva a maçã do conhecimento. Na verdade mesmo não tinha maça alguma, era só dar o conhecimento. O problema é que ela devia querer o conhecimento e, apegada a estética como Eva era, ela não daria bola para um conhecimento muito abstrato. Ele precisava de uma bela fruta para simbolizar a beleza do conhecimento.
Além disso, Deus, safo como sempre foi, já tinha percebido que seu prestigio andava baixo e que sua egocêntrica criação não dava muita bola para ele. Por isso, não adiantaria ele dar uma de Deusão gostosão e, todo bonitão, oferecer solenemente a maça a Eva. Ela ia ignorá-lo.
Foi assim que Deus inventou a pegadinha do malandro. Sim, pois a historia da maça foi basicamente uma pegadinha. Deus queria que Eva comesse a maça para ter conhecimento mas não sabia como convence-la disso. Olhando o comportamento dela concluiu: se eu disser que é proibido ela vai querer! Foi nessa hora que Deus inventou o pegadinha. E, ao mesmo tempo, inventou o pecado!
Ah... O pecado! A ideia do pecado foi realmente uma das ideias mais geniais que Deus já teve. Só empata com a ideia da mulher mesmo. Só um grande dramaturgo como ele poderia pensar nisso. Afinal, a ideia de pecado não faz o menor sentido do ponto de vista divino. Se tudo aquilo era criação dele e ele era onisciente, onipotente e onipresente porque raios algum macaco falante poderia fazer algo que seria errado? Estava tudo sempre certo, uai. É obvio. O problema, deus logo percebeu, é que isso de estar tudo sempre certo era chato demais. Tal como um gatinho que brinca com acuado no canto antes de mata-lo o legal era o homem acreditar que podia desafiar a Deus. Pois aí é que dava jogo. Não que Deus fizesse questão de matar o homem, nem mataria. Mas se o homem soubesse desde o inicio que já estava tudo certo ele não participaria do jogo. E deus queria o jogo, pois o jogo é que era divertido!! Foi assim que Deus inventou o Pecado, o “isso não pode” e, de tabela, a culpa e o drama. E o mais engraçado foi que Eva acreditou. Foi assim que começou a história e o teatro, com Deus fazendo seu primeiro papel, uma espécie de apresentador de programa de auditório, com Eva, Adão e a Serpente falante como personagens do reality show!
A cena vocês já conhecem: Deus chegou todo formal e fez um discurso solene sobre as benfeitorias do Paraiso. Parecia político. Eva que ainda não sabia da existência de políticos ignorou e achou que aquilo era papo de decorador. Mas ao final Deus soltou sua verdadeira arma secreta, seu maior gancho dramático, o seu famoso: “Não pode”!!!! Deus disse: “Tudo isso é para vocês, mas tem algo que não pode!” Eva já olhou interessada. E Deus concluiu misterioso: “Não pode comer a maça! Não pode comer a maça!”. Não deu outra, Eva caiu com um patinho. Ficou louca de vontade de desafiar aquele decorador metido, queria porque queria fazer um pecado básico, ver qual era a onda daquele tal de conhecimento. Deus via tudo do alto e vibrava: agora esse filme vai ficar bom! Para dar mais emoção Deus deu voz a uma serpente venenosa que atuava como o Alexandre Frota no Casa dos Artistas, incitando Eva ao pecado. Ela caiu rapidinho e para a alegria de Deus a história começou. O grande finale todos conhecem e teve uma magnifica atuação de Deus como pai ofendido! Genial. Eva caiu como um patinho.
Já o Adão, perdido no inicio, mas Maria- vai-com-as-outras desde sempre, logo entrou na parada. Para Adão, Deus lançara outra maldição: ficar tarado por Eva. Deus se livrava assim daquela boiolagem inicial do Adão riponga e botava o homem para trabalhar. Não deu outra, ao comer a maça Adão passou os dias a querer seduzir Eva para ver se alcança a transcendência perdida. Para seduzir Eva ele começou a entrar numa de construir cabanas, castelos, pirâmides e outros brinquedinhos que exibiam poder. Para conseguir construir tudo isso ele começou a brigar com os outros Adãos e o filme foi ficando cada vez mais divertido. Para Deus isso tudo foi ótimo. Primeiro porque Eva, ocupada com os pecados da maça e contemplada em seu ego pela atenção de Adão, parou de reclamar tanto. Só reclama as Evas que não querer comer a maça, mas aí é cada-um-cada-um. E os Adãos viraram divertidos personagens da farsa cômica que eles chamam de disputa do poder. Deus, sempre que cansa de contemplar os bichinhos malucos, coloca na novela das oito e vê os Adãos naquele jogo maluco cheio de Evas sedutoras.
Claro que a história tem muitas outras variações e o jogo de Deus com o homem é bem mais complexo que isso e continuará nos próximos capítulos, mas essa parte é a verdadeira história de Adão e Eva. E é o início da história.
Para que o jogo ficasse mais divertido Deus, que é muito mais criativo que os criadores de games, inventou a não-ação. Cada jogador tem sempre a possibilidade de não-agir por um tempo e não será morto por isso. Ao contrário, isso pode fortalecê-lo. Se o jogador-homem começar a ter muita ânsia de fazer pontos vai explodir de gordo ou bater o carro no poste.
Mas não que seja fácil a não-ação. É um dos testes mais difíceis do game da vida humana. Para dificultar a não–ação Deus criou as necessidades materiais e deixou o homem com um pedaço do cérebro límbico que fica facilmente viciado em suas próprias necessidades. Isso é super legal, pois aumenta a responsabilidade do homem jogador. Ele é que tem que decidir a cada instante. Se por um lado ele tem dramas reais e precisa pagar as contas e dar uma trepada para acalmar o seu límbico interior, por outro ele pode viciar nisso e virar um doidinho que é levado a morte pela ânsia de fazer mais pontos no game da matéria.

Cosmogamia (segunda parte)


Cosmogomia: Segunda parte
Eu sou é vários!
Mas logo Ele viu que ele, ainda era muito pouca gente. Além disso, na época Ele ainda não era muito criativo e sua primeira criação era muito a sua imagem e semelhança. Mas já era alguma coisa. Era alguém além Dele. Meio parecido, mas alguém. O chato é que ele passava o tempo todo perguntando: Responda-me: Quem sou eu? Por mais que Ele explicasse a ele que Ele era apenas uma projeção Dele mesmo, Ele não acreditava. Desde esse dia, Ele desistiu de falar com suas criações e percebeu que era mais legal apenas observá-las.
Foram os piores bilênios de sua vida. Ele estava cada vez mais entendiado com ele mesmo. Era chato para caramba ver a si mesmo ali, sendo um chato que reclama o tempo todo e nunca alcança solução. Nada pior que conviver com gente parecida conosco. Foi assim que Ele, pela primeira vez na vida, pensou – por um bilionésimo de segundo – que essa crise que ele vive há bilênios de anos era meio chata e repetitiva. Mas foi só um instante. A seguir a crise – que ainda o dominava – voltou a dominá-lo.
Até que Ele – quando já estava desistindo de si mesmo - teve sua primeira IDEIA racional! A primeira criação foi apenas intuitiva, mas a segunda foi também racional. Ele decidiu separar Ele mesmo em dois seres. Assim, ao invés de ficar apenas ouvindo um monólogo Dele consigo mesmo, Ele poderia ouvir – sem participar - um diálogo entre dois seres. Ele chamou a eles de Masculino e Feminino. A ideia, aparentemente simples, era genial. De uma tacada só Ele inventou os números, a matemática, a divisão, o diálogo e o teatro. Em termos de literatura, Ele saia do lírico e entrava no modelo dramático.
Ele aprendeu muito com aquele simples diálogo entre dois seres. Pela primeira vez ele percebeu que esse papo de uno era ilusão Dele mesmo. Ele era uno, mas era dois. E que ouvir o diálogo entre duas partes de si mesmo é uma ótima forma de aprender sobre si mesmo. Até hoje, quando um homem discute com uma mulher, eles estão apenas trabalhando para que Ele entenda melhor suas várias facetas e sua infinita complexidade.
Foi assim que Ele começou a CRIAR todas as coisas... No início, Ele criava para resolver sua crise, mas Ele logo pegou gosto pela coisa e a criação virou um prazer em si mesmo.
No início ele estava numa pira de que Ele era dois, estava numas de Binário. Aí começou a separar tudo em dois. Foi assim que ele decidiu separar a matéria do espírito. Ele adorou, achou perfeito. A matéria era ótima para dar concretude às coisas e também representava muito bem aquela permanente sensação de aprisionamento que Ele sempre sofrera. Já o espírito era Etéreo e permitia que Ele continuasse dando os seus infinitos vôos astrais.
Depois decidiu separar o Tempo do Espaço. Ele também adorou, achou super útil. Antes as coisas ainda aconteciam de forma muito simultânea e eram difíceis de entender a história. Agora as coisas aconteciam uma de cada vez, era ótimo. Foi assim que, após inventar o diálogo, ele inventou a narrativa e à partir daí tudo ficou mais claro e ele podia acompanhar melhor as suas histórias.
Foi assim que surgiu o mundo físico.
Mas logo Ele percebeu que esse papo de Binário era uma limitação, que esse papo de que Ele era dois era outra nóia sua. Ele não era apenas DOIS, ele era muitos.
Aí começou a multiplicar. Foi um período áureo, sua infância criativa. Ele passou bilênios e bilênios numas de artesanato, brincando de massinha e fazendo seres a seu bel prazer. Foram criados mundos e fundos nessa época. Mas o fato é que Ele também se cansou.
Logo, Ele começou a perceber que estava se repetindo. Suas criações estavam virando obra de autor, começaram a expressar temas recorrentes, repetitivos. Ele via que as possibilidades eram infinitas e sentia que não estava sendo criativo o suficiente para inventar tudo que deveria para poder assistir a todas suas inúmeras facetas.
Foi assim que ele lembrou da matemática. Ele percebeu que para entender a si mesmo não bastava ser um artesão. Ele gostava de criar, mas tinha que passar a gestão! Foi então que ele criou a matemática, a programação, e a inteligência artificial.
Assim, ao invés de criar cada coisa de forma artesanal, Ele criou o sistema operacional que rege o mundo, um imenso algoritmo combinatório que faz com que as coisas criem a si mesmas. O Grande Algoritmo, do qual todas as leis da física e da biologia – termodinâmica, Newton, relatividade do Einstein, genética - são apenas a parte que um de seus seres - os homens – podem compreender dentro de sua parca capacidade de abstração.
A partir daí as coisas começaram realmente a acontecer. Ao invés de ficar criando sozinho, Ele mesmo começou a assistir ao imenso mistério d'A Criação.
A partir daí Ele alcançou a felicidade! Deus hoje, é um homem pleno.
Seu sistema operacional o surpreende a cada segundo, criando coisas cada vez mais inusitadas. Quando dá suas raras entrevistas ele lembra do fascínio que teve no instante aonde aquelas simples partículas de matérias se organizaram e fizeram surgir a vida, e suas posteriores e magníficas manifestações. “Coisas que eu mesmo nunca imaginei!”, diz ele com o orgulho do pai que vê o filho entrar na faculdade. Ele também chora sorrindo, sempre que conta de como – para sua grande surpresa o sistema fez surgir um ser tão maluco como Ele mesmo - que tal como ele sempre passa tempos em crise, apenas pensando – Quem sou eu? – e que tal como Ele – começou a criar coisas para tentar descobrir esse mistério. Para Ele é lindo ver esse SER – tão pequeno, mas tão parecido com ele mesmo - passar a cada vida por tudo que Ele passou e lutar para superar seu problema fazendo criações como Ele mesmo criou. Ele também conta com orgulho de como esse Ser conseguiu Ele mesmo, inventar outras coisas que criam outras coisas: os computadores. Assim, com o Homem a criação (C) virou exponencial e chegou ao C2 (c ao quadrado). E com o computador a criar chega ao C3 (c ao cubo). Multiplicam-se cada vez mais as facetas do primeiro Criador!
Por tudo isso, Ele hoje é um homem feliz.
A cada instante O Sistema vai criando uma faceta sua, descobrindo novidades sobre Ele mesmo. Ele pode ficar ali, assistindo isso o tempo todo. É verdade que Ele nem sempre tem tempo de acompanhar tudo isso. Ultimamente Ele tem estado tão calmo que passa horas apenas curtindo a vida em meditação. Pois já faz tempo que Ele parou de tentar entender quem Ele é. Ele já sacou que não existe uma resposta definitiva até porque, Ele mesmo vai mudando o tempo todo. Ele já percebeu que Ele é tão complexo que nem Ele mesmo entenderá.
Ele já sacou que o problema não é esse. Que a única coisa que importa mesmo é ir olhando a criação e criando coisas para entender um pouco mais sobre si mesmo. Sem se preocupar em chegar a respostas definitivas, e criando apenas pelo prazer de conhecer cada vez mais sobre si mesmo e as inúmeras facetas d'A Criação. E do alto de sua calma ele continua torcendo para que cada homem entenda o que Ele já entendeu e continua criando coisas novas pelo prazer da criação.

Cosmogamia (primeira parte)


Todos discutem como Deus criou o mundo. Mas minha dúvida principal é: por que Ele criou o mundo? Qual seu objetivo? Ele podia tudo, para que se dar ao trabalho de tanto trabalho? Esse texto tenta responder a essa importante questão.
No início Ele era uno. E como ainda não tinha criado nada, Ele era uno e único.
Sem nada para fazer e sentindo-se sozinho naquela unidade toda, Ele conclui: algo não vai bem. Ele viu dois problemas. Um é que ele era muito complexo. Sentia que sua personalidade tinha muitas e muitas facetas, era difícil entender a si mesmo. Ele queria saber: afinal, quem sou eu?
Além disso, tinha outra coisa. Ele se sentia sozinho. Não tem sentido eu ficar aqui sozinho, sem ninguém para conversar, apenas eu, na minha unidade toda! E então ele gritou, inventando o verbo: Eu quero casa cheia. E quero novidade permanente!
Foi assim que ele inventou o verbo. Assim, meio de supetão, apenas para verbalizar sua crise.
Mas isso não resolveu o problema. Esse era, para Ele, um baita problemão, de difícil resolução.
Foi então que ELE começou a meditar. E mesmo sem ainda ter tido a ideia de separar o tempo do espaço, ele passou milênios, bilênios, de um calendário ainda inexistente, apenas ali, meditando. Seus pensamentos iam e vinham sem controle e ele nunca chegava à resposta de sua conclusão: afinal, quem sou eu?
A meditação foi tão longe que ele chegou ao transe. No início foi difícil, Ele tinha muita coisa a resolver, pendências de vidas passadas e tudo mais. Ele teve passagens difíceis, sofreu, limpou, peiou! Até que chegou uma hora que Ele, para surpresa Dele mesmo, não passava mais mal. Ele já não procura solução alguma, ele apenas vivia aquele instante. Ele foi acalmando, saindo da crise. Apenas curtindo. Foi assim que Ele realmente meditou. E logo a seguir descobriu o prazer e criou sua segunda grande invenção: o sorriso!
E foi assim que ele passou bilênios, triênios, ERAS completas apenas sorrindo de inúmeras formas. Nunca alguém sorriu tanto quanto Ele.
Foi então que, na hora que ele já tinha esquecido esse papo de 'Quem sou eu?', na hora que ele já se sentia muito bem sozinho mesmo, Ele - FINALMENTE e ainda de forma inconsciente – fez sua primeira criação.
Foi assim, de súbito, como se viesse do nada. De repente ele - mesmo sem ter inventando a visão - viu alguém perto dele.. Foi quando ele criou esse SER. Ele percebeu como é gostoso ter companhia.